O SILÊNCIO DAS ARMAS E O GRITO ESTRIDENTE DA POBREZA- LUKAMBA GATO



Basta sair à rua. Não é preciso ir longe. A agressão já não vem das armas que há 23 anos se calaram num gesto de esperança. Agora a agressão vem da pobreza, da fome, da luta diária e silenciosa de um povo que sobrevive andando em todas as direções, à procura de nada. Nada que alimente, nada que cure, nada que eduque. Apenas o instinto de continuar a viver. 

Hoje celebramos o fim da guerra, mas há uma guerra que nunca terminou. A guerra da desigualdade, da corrupção, da falta de oportunidades. Esta guerra não se trava com armas, mas com omissões. E cada criança fora da escola, cada mãe vendendo no chão, cada jovem perdido no álcool ou na zunga é uma bala disparada contra o futuro.



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A paz que temos é uma paz mutilada. É paz para quem? Para os que governam atrás de vidros fumados? Ou para os que dormem com o estômago vazio? A paz precisa de mais do que silêncio. Precisa de justiça. Precisa de dignidade.

Diz-se que o país está em reconstrução. Mas reconstrução de quê? De prédios? De estradas? E as pessoas? Quem reconstrói as almas despedaçadas pela perda, pela fome, pelo abandono? Quem devolve os anos roubados pela guerra e agora consumidos por promessas que nunca se cumprem?

Nas praças, crianças brincam à guerra com paus, sem saber que o verdadeiro inimigo é o vazio nos seus pratos. 

Jovens crescem com diplomas que não servem senão para embrulhar sonhos. E os velhos, que viram o sangue regar a terra, agora veem a terra a secar por falta de justiça.

Vinte e três anos depois, Angola continua ferida. Uma ferida que não sangra com balas, mas com indiferença. Uma ferida que não se cura com discursos, mas com acção, porque paz não é apenas a ausência de guerra mas sim a presença do bem-estar.

Enquanto os governantes celebram datas e marcos históricos, o povo conta dias de fome, noites sem luz, e vidas sem rumo. Esta não pode ser a paz que sonhámos quando as armas se calaram. Esta não pode ser a herança deixada por quem lutou.

Há, no entanto, no meio do caos, uma força silenciosa que insiste em resistir. Está na mulher que acorda às cinco para vender pão. No jovem que cria um negócio com o pouco que tem. No professor que continua a ensinar, mesmo com salário atrasado. No artista que pinta, escreve, canta para lembrar que ainda somos humanos.

A esperança de Angola não mora nos gabinetes. Mora nas ruas. Mora nas pessoas. Mora nessa teimosia de continuar, mesmo quando tudo empurra para parar. 

Essa é a nossa verdadeira riqueza: a capacidade de sonhar, mesmo quando nos roubam o sono.

Hoje, 23 anos depois do calar das armas, que se levante a voz do povo. Que a paz ganhe um novo significado, aquele que inclui todos. Que não sejamos apenas sobreviventes da guerra, mas construtores de um futuro mais justo.


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