O grupo armado M23 anunciou hoje que vai enviar cinco delegados a Luanda para participar nas negociações de paz com o Governo da República Democrática do Congo, a pedido das autoridades angolanas, segundo o porta-voz do movimento.
Lawrence Kanyuka, responsável de comunicação do M23 (Movimento 23 de Março) e da Aliança do Rio Congo (AFC, na sigla francesa), entidade à qual os rebeldes estão afiliados, anunciou o envio da delegação num texto publicado na rede social X, no qual salienta que “tomarão parte no diálogo directo a pedido das autoridades angolanas”.
As conversações vão ter lugar na terça-feira na capital angolana, sem que tenham sido divulgados detalhes sobre a hora e local ou sobre quem integra as respectivas delegações.
Esta é a primeira vez que o Governo da República Democrática do Congo (RD Congo) aceita negociar directamente com o M23.
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O AFC/M23 declara ainda “profunda gratidão” ao Presidente angolano, general João Lourenço, “pelos seus esforços incansáveis” para encontrar uma solução pacífica para o actual conflito na RD Congo. O Governo da RD Congo confirmou também a sua participação nas negociações de paz.
“Recebemos o convite do mediador [o Presidente angolano, João Lourenço] e vamos ouvi-lo. Uma delegação congolesa vai viajar para Luanda na terça-feira, por iniciativa dos mediadores”, disse Tina Salama, porta-voz do Presidente da RD Congo, Félix Tshisekedi.
Tina Salama confirmou a participação do seu país depois de João Lourenço ter apelado a um cessar-fogo entre as partes a partir de domingo para facilitar as negociações.
O M23 – que, segundo a RD Congo e países como os EUA, Alemanha e França, é apoiado pelo Ruanda – controla as capitais das províncias do Kivu do Norte e do Sul, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
O número de mortos no conflito na capital do Kivu do Norte, Goma, e arredores ultrapassou os 8.500 desde Janeiro, de acordo com informações prestadas pelo ministro da Saúde Pública congolês, Samuel Roger Kamba, no final de Fevereiro.
Naquela província, a actividade armada do M23 – um grupo constituído sobretudo por tutsis, que sofreu o genocídio do Ruanda em 1994 – foi retomada em Novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o Exército congolês.
Desde 1998 que o leste da RD Congo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).
Em comunicado publicado no dia 12, o general Presidente do MPLA e, por inerência, Presidente de Angola, disse que “no prosseguimento das diligências levadas a cabo pela mediação angolana no conflito que afecta o leste da República Democrática do Congo, o Governo da República de Angola torna público que delegações da República Democrática do Congo e do M23 iniciarão negociações directas para a paz, no dia 18 de Março, na cidade de Luanda”.
A iniciativa foi feita após uma visita do Presidente democrático-congolês, Félix Tshisekedi, que se encontrou em Luanda com o seu homólogo angolano, João Lourenço, que tem actuado como mediador no conflito.
A actividade armada do M23 – um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 – recomeçou em Novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental no Kivu Norte tendo avançado em várias frentes e fazendo temer uma possível guerra regional.
Estima-se que mais de 8.500 pessoas perderam a vida devido à violência contínua, desde Janeiro, e aproximadamente 600.000 pessoas foram deslocadas desde Novembro de 2024.
O Presidente angolano tem actuado como mediador no conflito na República Democrática do Congo, tendo sido designado pela União Africana como facilitador para promover a paz e a segurança na região e reduzir as tensões entre a RD Congo e o Ruanda.
Angola assumiu em Fevereiro a presidência rotativa da União Africana, mantendo-se João Lourenço como mediador neste conflito. As várias tentativas de reunir à mesma mesa as partes beligerantes têm saído goradas até ao momento.
Em Dezembro do ano passado, o “campeão da paz” (Presidente da República, Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas de Angola, general João Lourenço), disse que adiamento da cimeira sobre paz na República Democrática do Congo se devia à falta de acordo sobre M23. O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, não compareceu à cimeira de Luanda.
Segundo investigadores, o exército ruandês assumiu “de facto o controlo e a direcção das operações do M23” e a sua intervenção militar “foi decisiva para a significativa expansão territorial conseguida”.
Por sua vez, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com os rebeldes das FDLR, fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e por outros ruandeses (hutus) exilados na RD Congo, para recuperar o poder político no seu país, colaboração também confirmada pela ONU.
Em 30 de Julho de 2024, as delegações da RD Congo e do Ruanda assinaram em Luanda um acordo de cessar-fogo entre as forças armadas congolesas (FARDC) e o M23, que entrou em vigor na madrugada de 4 de Agosto e que foi violado em várias ocasiões
Folh8
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