Greve à vista na multinacional Chevron



A multinacional Chevron anunciou recentemente a diminuição da sua força de trabalho em 15% a 20% até ao final de 2026, para diminuir custos e maximizar ganhos. Empresa tem sido acusada de injustiças pelos funcionários.


Com 70 anos de atuação na exploração de petróleoe gás natural em Angola, a multinacional norte-americana Chevron conta atualmente com 180 trabalhadores, dos quais 110 estão em Cabinda.

Um funcionário que trabalha no campo petrolífero e que preferiu o anonimato relata haver assimetrias e políticas injustas por parte da empresa.



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"O trabalho que fazemos se equipara ao dos expatriados. Mas acontece que nós não somos tidos [em consideração]. Basta ver ainda que muitos nos acham escravos no nosso próprio país. Há empresas aqui dentro do Malongo que despedem trabalhadores quando querem e como lhes apetece", relata à DW.

Disparidades salariais

Outro funcionário que também não quis ser identificado descreve disparidades salariais entre os trabalhadores em Cabinda e em Luanda.

"Os salários são diferentes. Basta ver que os de Cabinda são muito baixos, ao passo que os de Luanda são muito altos. Nos ajudem, pois estamos a passar mal porque maltratam os Cabinda no Malongo", diz.

Há ainda relatos de não pagamento de indemnizações devidas a funcionários demitidos. Apesar de a Chevron ser uma das grandes impulsionadoras do setor petrolífero em Angola, muitos cidadãos consideram que a empresa poderia ter uma contribuição maior no país.

É o caso de Bernardo Manuel. "Os resultados dessa exploração não se refletem na vida dos cidadãos. Dentro das obrigações sociais, a Chevron não faz nada", critica.

Declínio na produção gera despedimentos

Sem avançar números, Gabriel Ivaba, diretor de operações da Chevron, fez saber que o declínio da produção e a queda no preço do barril de petróleo no mercado internacional estão na base dos despedimentos.

"A empregabilidade vai flutuar em função da exploração e dos investimentos. Maior atividade significa maior força de trabalho. Aqueles períodos que o trabalho é menor também há um declínio da força de trabalho."

André Capita, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petrolífera e Afins de Cabinda, teme que essa situação possa causar uma greve total no campo petrolífero.

"Estamos na eminência de virmos a assistir uma greve generalizada no sector petrolífero, o que pode vir a ser bastante grave porque todos nós sabemos que este é o sector que assegurou e assegura a economia do país", revela.

DW 

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