DO VERBO AO SILÊNCIO DE JOÃO PAULO GANGA



   João Paulo Ganga (Pijó) é um intelectual angolano de ideias claras e verbo fácil na ponta da língua que, até 2017, exercia de forma activa e responsável os seus direitos civis e políticos no horário nobre da TV Zimbo. Uma voz dissonante. Uma pedra no sapato do status quo. A sua intervenção desafiava o poder das autoridades. Mobilizava cidadãos. Elucidava-os. Alertava-os para o exercício dos seus direitos civis e políticos. Falava sem corantes nem conservantes. Sem a necessidade de dourar a pílula.


   João Paulo Ganga teve o seu momento de glória e fama. A emissora de Talatona dava-lhe voz e vez. Os telespectadores dedicavam-lhe a mesma atenção que os humildes e marginalizados deram ao Messias quando desceu à Terra com a missão de salvar a humanidade. As alfinetadas de João Paulo Ganga abalavam os alicerces do jurássico cânone ideológico angolano de “ouvir, ver e calar”. As suas opiniões eram incómodas. Eram verdades ditas com frases abertas. Com todas as vogais e consoantes. A sua missão era uma: A de esclarecer os cidadãos menos esclarecidos. Foi um período curto e áureo de Liberdade de Imprensa e de Expressão. Foi uma época marcante.



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   Tudo acabou em 2017, quando previu que a Administração Lourenço seria um desastre. Hoje, João Paulo Ganga está caladinho. Recolhido ao silêncio. Ninguém sabe se foi intimidado ou não. O que se sabe é que deixou de debitar no Espaço Público. Nem nas Redes Sociais o seu ponto de vista é visto. O País não sabe a razão do seu silêncio. O que se sabe é que houve uma tentativa de assassinato do seu carácter por causa das suas opiniões. Puseram em causa a sua idoneidade com o expresso propósito de desacreditar um intelectual cujas alfinetadas faziam os membros do Executivo revolverem-se nos seus assentos.


   O País precisa de massa crítica. Proscrever vozes como as de João Paulo Ganga e similares é procrastinar o desenvolvimento de Angola. É o mesmo que atirar o lixo para debaixo do tapete. Adiar um problema bicudo para um futuro próximo. Sem vozes dissidentes, as decisões de um Estado são tomadas por pequenos grupos que acabam por dominar total e absolutamente tudo e mais alguma coisa. Sem massa crítica, aumentam os abusos de poder e a corrupção floresce.

Jorge Eurico 


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