Mobutu Sese Seko: O Homem, a Ideologia e o Fardo da Autenticidade



Mobutu Sese Seko Kuku Ngbendu wa za Banga – o nome ressoava como um mantra que prometia redenção e grandeza para o Zaire, mas que, com o tempo, tornou-se sinônimo de autoritarismo e corrupção. Sua figura, envolta no manto da “autenticidade africana”, moldou o destino do país por mais de três décadas. Mobutu não era de esquerda, nem de direita, nem mesmo de centro – ou assim ele proclamava. No Manifesto de N’sele, sua ideologia foi erguida como um farol pragmático: nacionalismo, revolução e autenticidade. Uma tríade que visava construir um Estado forte, independente e enraizado nas tradições africanas.


Mobutu sabia jogar com os símbolos. Suas políticas, inspiradas no conceito de “autenticidade”, exigiam que o país rompesse com as influências ocidentais e resgatasse suas raízes culturais. Os nomes ocidentais foram banidos, e os congoleses foram obrigados a adotar nomes africanos. As gravatas, símbolo da colonização europeia, também desapareceram. Mobutu, com seu famoso chapéu de pele de leopardo, encarnava a ideia de um líder que rejeitava o capitalismo e o comunismo, propondo uma revolução nacional que supostamente colocaria o povo no centro.



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Mas por trás do discurso de unidade e pragmatismo havia um projeto de poder absoluto. O Movimento Popular da Revolução (MPR) não era apenas um partido; era uma extensão de Mobutu. Ele declarou que, assim como na tradição africana não havia espaço para dois chefes, no Zaire só havia espaço para um líder e um partido. A pluralidade, segundo Mobutu, era uma ideia alheia à essência africana. Assim, a democracia foi sufocada em nome de um nacionalismo que centralizava poder, riqueza e glória na figura do ditador.


Embora Mobutu tenha prometido a independência econômica e o desenvolvimento social, o Zaire se tornou um laboratório de contradições. A “revolução nacional” que rejeitava o capitalismo foi marcada por uma cleptocracia desenfreada, enquanto os “valores autênticos” conviviam com a opulência de um regime que se abastecia das riquezas do país.


Após sua morte, em 1997, o legado de Mobutu paira como uma maldição sobre a República Democrática do Congo. O país, que nunca encontrou estabilidade política desde então, continua preso ao fantasma da centralização do poder e da exploração desenfreada. Se Mobutu conseguiu unificar as “energias” dos cidadãos sob uma bandeira, ele também destruiu os alicerces que poderiam sustentar uma democracia.

Hitler Samussuku

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