A Federação Angolana de Xadrez (FAX), liderada por Tito Martins, está envolvida em um escândalo que compromete a integridade do desporto nacional. O Club-K teve acesso a informações reveladoras sobre uma série de práticas criminosas que ocorreram durante os oito anos de gestão da atual direção da FAX, que envolvem crimes como agiotagem, peculato, desvio de bens públicos e fraude.
De acordo com informações obtidas por fontes próximas ao processo, Tito Martins e seus colaboradores diretos são acusados de utilizarem um esquema de agiotagem, amplamente conhecido no país como "empréstimos de kínguila" ou "empréstimos de juros mensais".
Funcionando como um empréstimo informal, o esquema consistia em membros da própria direção da FAX emprestarem dinheiro à instituição, sob a alegação de necessidade de cobrir despesas operacionais. Quando o Ministério da Juventude e Desportos (Minjud) liberava as verbas devidas à federação, o valor do empréstimo era devolvido com juros exorbitantes, que chegavam a 700% do montante original.
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Este tipo de operação é ilegal e configura um crime de ágio, que é severamente punido pela legislação angolana, especialmente quando envolve recursos públicos. A acusação levanta sérias dúvidas sobre a gestão financeira da FAX e as repercussões dessa prática para os cofres públicos.
Além das acusações de agiotagem, a gestão de Tito Martins também é acusada de peculato, abuso de confiança e desvio de bens públicos. Durante seu mandato, a FAX recebeu patrocínios de várias empresas do setor petrolífero, das comunicações e de tecnologias de informação. No entanto, segundo as investigações, nunca foi revelado o valor recebido nem a destinação desses recursos. A falta de transparência e a ausência de prestação de contas levou a fuga de patrocinadores, que exigiam mais responsabilidade e boa governança na gestão financeira da federação.
Este comportamento opaco e a má gestão resultaram em perdas de confiança na FAX, prejudicando ainda mais o desenvolvimento do xadrez em Angola e a credibilidade da federação.
Outro crime grave envolve a emissão de passaportes de serviço, também conhecidos como "passaportes verdes", utilizados por cidadãos angolanos para viajar para o exterior sem a necessidade de visto. De acordo com fontes internas, Tito Martins e sua equipe montaram uma rede de fraude que envolvia a emissão de passaportes para não-atletas, em troca de grandes quantias de dinheiro.
O esquema consistia em convencer cidadãos que desejavam emigrar, mas não conseguiam visto para países da Europa, África ou da América do Sul, a pagar entre 2.000 a 5.000 dólares americanos para obter um passaporte verde. A FAX, com a ajuda de intermediários, encaminhava pedidos fraudulentos ao Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), alegando que os solicitantes seriam jogadores de xadrez representando Angola em competições internacionais.
Em troca, o SME emitia os passaportes, permitindo que os cidadãos viajassem sem a necessidade de visto. Estima-se que mais de 400 passaportes tenham sido emitidos fraudulentamente, com mais de 70% dos passaportes fornecidos pelo SME para a FAX não sendo destinados a atletas reais. Esse esquema gerou uma série de implicações legais, e a recente exoneração de toda a direção do SME foi em parte atribuída a essa fraude, o que também contribuiu para o afastamento do Ministro do Interior, Eugénio Laborinho.
Reações Oficiais e Desdobramentos
A denúncia chegou também aos ouvidos do atual Ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão, que já teria ordenado a abertura de investigações policiais e judiciais sobre os fatos e a responsabilização dos envolvidos. As autoridades agora estão em alerta para a magnitude do escândalo, que não só afeta a imagem da FAX, mas também traz à tona questões de corrupção e gestão irresponsável de recursos públicos.
O xadrez angolano atravessa uma fase de turbulência interna, com disputas eleitorais que dividiram a federação em duas comissões eleitorais e até mesmo dois presidentes eleitos. O clima de instabilidade tem prejudicado o desenvolvimento da modalidade, e o escândalo envolvendo a atual direção da FAX só agrava ainda mais a situação.
Club-K
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