Das duas, uma: ou o governador do Icolo e Bengo não é escravo das suas palavras - o que, em Angola, não é invenção nenhuma - ou nessa província os animais selvagens adoptaram nomes de humanos.
No seu primeiro pronunciamento como titular da nova província angolana, Auzílio Jacob anunciou, um governo muito inclusivo; um governo que reuniria os saberes de todos os seres vivos.
“Vamos governar com todos, incluíndo os animais, porque até os animais vão nos ajudar a tomar decisões”, disse, sob estrondosas palmas.
O propósito de incluir todos os seres vivos, incluindo animais selvagens na governação da nova província, custou a Auzílio Jacob uma imerecida chacota.
Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762
Mas, numa província que tem mais animais selvagens do que seres humanos não seria realista e muito menos justo traçar políticas públicas sem considerar os interesses da maioria da população.
Nos despachos através dos quais nomeia os primeiros membros do seu executivo, Auzílio Jacob lêem-se nomes como Amélia Clementino da Rosa Tavares (directora do gabinete do governador),Délcio Ribeiro Pedro (secretário-geral do Governo Provincial de Icolo e Bengo),Mário António (Recursos Humanos),Hugueth de Carvalho Pacavira
(Direcção Jurídica e Intercâmbio) e por aí adiante.
Nenhum dos nomes dos ora nomeados sugere qualquer associação a animais como ngulu (porco), dizundu (sapo), nyioka (cobra), hoji (leão), dinongwena ( camaleão). Até mesmo o sábio mbaxi(cágado), o malandro hima (macaco) e o versátil kabulu (lebre) aparentemente estão excluídos dessa primeira vaga de nomeações. Ou, se calhar, por força de algum normativo qualquer, esses animais adoptaram nomes de pessoas.
Assim sendo, Mário António, nomeado director dos Recursos Humanos pode, por exemplo, muito ser a nova designação de uma víbora. Da mesma forma que a senhora Hugueth Pacavira pode ser o nome “oficial” de uma jiboia.
Na verdade - e convém repetir isso - numa província maioritariamente habitada por kyamas, não faz qualquer sentido gizar políticas públicas sem o concurso deles.
Num bem conseguido texto que publicou recentemente na sua página do Facebook, Denilson Duro faz uma justa distribuição de pastas no executivo do Icolo e Bengo.
Assim, se dependesse exclusivamente dele, o executivo do Icolo e Bengo teria um leão a responder pela ordem pública, um macaco a gerir os Recursos Humanos, um veado à testa da logística, uma girafa a comandar a fiscalização das obras públicas, um porco a representar o Ministério das Finanças( e a acumular a Limpeza e Saneamento Básico), um chimpanzé como delegado da ministra Silvia Lutucuta, um papagaio a cuidar do ensino e um elefante a responder pelas políticas ambientais.
Denilson Duro entende, também, que faz todo o sentido confiar a pasta das pescas a um jacaré.
Por causa da sua inata habilidade para o canto, também seria justo confiar a representação do ministério da Cultura a uma cigarra, a secretaria-geral do executivo ao sábio cágado, a Comunicação Social ficaria bem entregue a um mosquito e a Agricultura a um touro.
Quem convive com Auzílio Jacob garante que, apesar de ser um ferrenho militante do MPLA, por vezes é tomado por alguns lampejos de coerência.
Sendo assim, é provável que também as árvores, seres vivos como nós, tenham o seu merecido espaço no executivo de Icolo e Bengo
Afinal, como conclui Denilson Duro, “o que importa é a inovação e o espírito de inclusão. Com Auzílio Jacob, Icolo e Bengo não apenas liderará em eficiência governativa, mas será um exemplo mundial de coexistência entre espécies”.
Garantidamente, nenhum ser humano, à escala planetária, resistirá à curiosidade de ir ao Icolo e Bengo para saber, por exemplo, em que língua o governador Auzílio Jacob se comunicará com a directora do seu gabinete, uma lebre, e como é que esta fará chegar ao jacaré as instruções do governador sem o risco de se tornar num petisco do sempre faminto ngandu.
Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação
0 Comentários