Angola à Beira do Abismo: O Clamor de um Povo Esquecido. Festa de Fim de Ano Presidencial- Silvana Dos Santos

 


É com uma angústia profunda e um sentimento de impotência que me vejo compelido a escrever este texto, testemunhando a realidade desoladora que assola a nossa amada Angola. Nos últimos cinco anos, o nosso povo tem sido submetido a provações inimagináveis, mergulhando numa espiral de sofrimento cujo fim parece cada vez mais distante.


O ano de 2024 ficará marcado na memória coletiva como um dos períodos mais sombrios da nossa história recente. Se este é o prenúncio do que nos aguarda em 2025, não posso deixar de expressar o meu temor e repulsa pelo que está por vir. Embora a natureza humana nos incline a nutrir esperança e a acreditar num futuro melhor, essa esperança esvai-se quando não há ações concretas que apontem para a mudança.



Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762


Infelizmente, os nossos dirigentes têm-se mostrado alheios ao clamor do povo. Um líder deve ser uma figura exemplar, uma inspiração, alguém em quem o povo possa depositar a sua fé”. Pergunto-me: será que os angolanos veem tais qualidades no nosso líder atual?


A realidade é que Angola enfrenta uma crise sem precedentes. De acordo com o Banco Mundial, quase 33% da população angolana vive abaixo da linha da pobreza, o que equivale a cerca de 10,1 milhões de pessoas. Além disso, o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) indica que 54% da população enfrenta privações severas em áreas como educação, saúde e condições de vida. A classe média, outrora pilar da economia, luta desesperadamente para assegurar uma refeição diária, enquanto a classe baixa enfrenta uma degradação inimaginável. Milhares de famílias dependem dos contentores de lixo para saciar a fome, protagonizando cenas de desespero e indignidade.


Esta não é a Angola que sonhámos para as futuras gerações. Contrastando com este cenário de miséria, assistimos, incrédulos, ao banquete de fim de ano promovido pelo Executivo. Este evento, repleto de luxo e ostentação, foi um desrespeito e um abuso contra o povo angolano. Enquanto o país se afunda na miséria, os dirigentes festejam num espetáculo de insensibilidade. A decoração requintada, os pratos de porcelana, os vinhos e champanhes franceses, que custam milhares de kwanzas, são um insulto direto à dignidade de milhões de angolanos que mal conseguem um pedaço de pão para alimentar os seus filhos.


A presença da comunicação social, encarregada de divulgar ao mundo este evento, é um exemplo cruel de como os dirigentes angolanos parecem distantes e indiferentes à dor do seu povo. É como se dissessem: “Nós merecemos celebrar, mesmo à custa do sofrimento alheio.”


Para piorar, há quem insista em atribuir toda a responsabilidade do estado atual do país a Isabel dos Santos, como se ela fosse a única culpada pela degradação das condições de vida do povo. Contudo, a verdade é que esta situação não é fruto de uma governação anterior, mas sim de anos de má gestão e de um sistema político que perpetua a desigualdade e a corrupção. Colocar toda a culpa numa só pessoa é desviar o foco da verdadeira raiz do problema: a falta de compromisso e de compaixão de quem deveria trabalhar pelo bem-estar do povo.


Senhor Presidente, apelo à sua compaixão e humanidade. O povo está a morrer de fome; crianças inocentes perdem a vida diariamente por falta de alimento. As disparidades entre os dirigentes e o povo são gritantes e inaceitáveis. O povo não quer saber de perseguições políticas ou intrigas partidárias; o povo quer soluções, quer esperança, quer viver com dignidade.


Muitos jovens, sem perspetivas de futuro, encontram-se perdidos, sem saber por onde começar as suas vidas. A taxa de desemprego juvenil é alarmante, e a falta de oportunidades empurra-os para caminhos incertos e perigosos.


Senhor Presidente, algo precisa de mudar. Este banquete de fim de ano não foi apenas um evento; foi um símbolo do abismo que separa os dirigentes do povo. Foi uma ofensa, um abuso, uma demonstração de que os governantes vivem numa realidade paralela, desconectados das necessidades e do sofrimento da maioria dos angolanos.


O povo clama por justiça, por equidade, por um governo que realmente os represente e que promova políticas que visem a redução da pobreza e a melhoria das condições de vida de todos os angolanos. O futuro de Angola depende das ações que tomarmos hoje. Não podemos permitir que a esperança morra nos corações dos nossos compatriotas. É tempo de agir, de transformar a dor em força, a indignação em ação, e de construir uma Angola mais justa e próspera para todos.

Silvana Dos Santos

Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação 

Postar um comentário

0 Comentários