O recém-eleito presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), Alves Simões, começa o seu mandato envolto em polêmicas e acusações de ilegalidades. Sem sequer tomar posse formal, que é condição indispensável para o exercício pleno de suas funções, Simões já tem atuado como representante da FAF em eventos internacionais, como a Gala da Confederação Africana de Futebol (CAF), e conduzido delegações da Federação. Tal situação levanta sérias dúvidas sobre a legalidade de seus atos, além de lançar um alerta sobre o futuro do futebol angolano.
A situação é vista por muitos como reflexo da teimosia do país em continuar a entregar a gestão de instituições chave nas mãos de Generais, cujos métodos de liderança, calcados na obediência cega, não se ajustam à complexidade de setores como o esporte. A crítica é ainda mais forte quando se observa que o novo presidente da FAF, apesar de ser militar de carreira, nunca teve experiência prática em liderar batalhas durante a guerra em Angola.
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Além disso, surgem fortes indícios de que a destituição do antigo presidente da FAF, Artur Almeida, está atrelada a motivos políticos. Segundo informações de bastidores, o ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão Pinto de Andrade, teria se reunido com grandes clubes de Luanda, instruindo-os a afastar Almeida, uma figura que, apesar das dificuldades, conseguiu devolver a mística ao futebol nacional e uniu os angolanos em torno da seleção. Almeida, que sempre denunciou a falta de apoio financeiro do Estado às seleções, teria sido visto como um obstáculo pelos novos dirigentes, em razão de sua postura crítica e independente.
A relação entre o Executivo e o futebol angolano tem sido marcada pela ausência de apoio efetivo. O presidente João Lourenço, desde sua posse, não se fez presente em nenhum estádio ou pavilhão para assistir aos jogos das seleções, o que reflete um distanciamento da realidade do esporte. Somente após o êxito das seleções, especialmente no futebol, o presidente passou a demonstrar algum interesse, embora sua presença tenha coincidido com resultados negativos, levantando especulações sobre o impacto político dessa aparente falta de comprometimento.
Outro ponto de crítica é o anúncio da vinda da seleção da Argentina a Angola, no contexto das comemorações dos 50 anos da independência do país. O negócio, que já estava fechado, teria sido tratado sem a consulta à direção da FAF, à equipe técnica ou mesmo aos clubes, o que reforça a impressão de que o futebol está sendo usado como moeda de troca política. A escolha da Argentina, campeã mundial, em detrimento de outras seleções, como a do Brasil, levanta questões sobre os reais interesses por trás dessa decisão. Afinal, o Brasil, primeiro país a reconhecer a independência de Angola, teria um significado histórico e político muito mais profundo para os angolanos.
Em uma entrevista recente, o ministro da Juventude e Desportos foi questionado sobre o custo da vinda da seleção argentina e não soube responder, o que sublinha a falta de transparência na gestão de recursos públicos, algo que contraria os princípios fundamentais de um Estado de direito democrático. A opacidade nas decisões envolvendo grandes eventos esportivos apenas reforça o sentimento de que o futebol está sendo tratado como um instrumento de promoção política.
A grande preocupação, agora, é se o novo presidente da FAF, sob a liderança de Alves Simões, conseguirá melhorar a gestão da instituição ou se, ao contrário, repetirá os erros de sua predecessora. Durante a gestão do anterior presidente da FAF, o futebol angolano foi marcado por uma série de problemas administrativos, como salários atrasados e dívidas com prestadores de serviços, além da drástica queda no ranking da FIFA, onde Angola foi rebaixada para a 144ª posição. Sob a liderança de Artur Almeida, o futebol subiu 56 lugares, passando da 144ª para a 85ª posição no ranking da FIFA, uma demonstração clara de que o trabalho realizado estava, no mínimo, no caminho certo.
Agora, com a entrada de um novo comando, resta saber se os recursos prometidos pelo governo, aliados à gestão política da FAF, terão impacto positivo no desempenho da seleção e na ascensão do futebol angolano no cenário internacional.
Enquanto isso, os fãs do futebol angolano permanecem esperançosos, mas céticos, de que a mudança traga verdadeiros avanços para o esporte, para o país e para a Nação. Aguardamos para ver se Alves Simões será capaz de superar as dificuldades do passado e garantir que o futebol de Angola finalmente seja tratado com a seriedade e o respeito que merece.
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