A PERSISTÊNCIA DA DEPENDÊNCIA : ANGOLA E MOÇAMBIQUE AINDA SOB A SOMBRA COLONIAL



Há lições importantes a serem extraídas da recente situação em Moçambique. Durante três meses de resistência nas ruas e nas redes sociais, mais de 500 vidas foram perdidas. Apesar do alto custo humano, o regime manteve firmes suas pretensões autoritárias. Esse cenário evidencia algo comum a países como Angola e Moçambique: a fragilidade de suas democracias e a disposição de suas elites em sacrificar tudo para permanecer no poder.


Mesmo décadas após as independências formais, Angola e Moçambique ainda convivem com vestígios do colonialismo, agora sob formas mais sofisticadas. Em 1974, Rosa Coutinho foi buscar apoio em Cuba para enfrentar a ameaça da África do Sul, que, motivada por seus interesses econômicos, buscava absorver as colônias portuguesas. Hoje, os exemplos das barragens de Ruacana, em Angola, e de Cabora Bassa, em Moçambique — localizadas em seus territórios, mas pertencentes a interesses estrangeiros — ilustram como essas nações permanecem sob dinâmicas de exploração neocolonial.



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No caso angolano, o cenário é ainda mais emblemático. Após 16 anos de monopartidarismo sustentado pela presença neocolonial cubana, Portugal voltou a desempenhar um papel estratégico nos Acordos de Bicesse, em 1991. Esses acordos, que deveriam pôr fim ao conflito armado e introduzir o multipartidarismo, também abriram caminho para uma nova onda de exploração econômica. As privatizações que se seguiram beneficiaram, sobretudo, empresas portuguesas, reforçando a percepção de que Angola nunca conseguiu se libertar completamente das garras de seus antigos colonizadores.


A ligação entre Portugal e as elites governantes desses países é evidente. Tanto o MPLA, em Angola, quanto a FRELIMO, em Moçambique, têm suas raízes na Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, e até mesmo a aproximação com Cuba e a União Soviética foi mediada por interesses portugueses. Não por acaso, Portugal tem sido o único país europeu a validar as eleições em ambas as nações, frequentemente marcadas por denúncias de irregularidades.


Em 2022, por exemplo, vimos o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa desempenhar um papel de apaziguador durante as tensões eleitorais em Angola, quando a oposição se posicionava para contestar os resultados. Esse gesto reforça a ideia de que Portugal segue como um mediador interessado, não na soberania plena desses países, mas na manutenção de um status quo favorável aos seus próprios interesses.


A verdadeira independência de Angola e Moçambique exige mais do que a emancipação formal conquistada há décadas. Ela demanda uma ruptura com ciclos de dependência econômica e submissão política, que continuam a beneficiar elites locais e estrangeiras em detrimento das populações. A resistência precisa ser mais do que simbólica; ela deve transformar-se em acções concretas que libertem essas nações de suas amarras históricas. Somente assim, o povo angolano e moçambicano poderá conquistar a autonomia política, econômica e cultural que tanto almeja.


Hitler Samussuku

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