68 ANOS DE MENTIRAS MPLANIZADAS- Hitler Samussuku

 


O MPLA celebrou mais um aniversário, e como de costume, a narrativa oficial ecoou pelos palcos, com discursos inflamados, bandeiras hasteadas e a reafirmação de uma data: 10 de dezembro de 1956. Mas, como apontam historiadoras como Christiane Messiant, essa data não é apenas controversa – é uma ficção cuidadosamente fabricada para servir propósitos políticos.


O que realmente aconteceu em 1956? Segundo Messiant e outros estudiosos, não havia propriamente um “MPLA” nessa época, mas sim pequenos movimentos que, posteriormente, se uniram para formar o partido. A escolha de 1956 como ano oficial de fundação não é casual; ela foi feita para garantir uma primazia histórica em relação à UPA (União dos Povos de Angola), liderada por Holden Roberto, que se tornaria uma força relevante na luta de libertação. Era necessário posicionar-se como o pioneiro, o primeiro ator na resistência ao colonialismo português, mesmo que isso significasse reescrever os factos.



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Mas as ficções do MPLA não param por aí. Quem nunca ouviu falar do menino Ngangula, aquele heróico estudante que, num domingo, 1 de dezembro de 1991, insistiu em ir à escola? Crescemos com esse mito, ensinado em escolas e exaltado em canções. Contudo, na localidade de Karipandé, no Alto Zambeze, não havia sequer uma escola naquele período e tenho as minhas dúvidas se há escola naquele lugar ainda hoje. O conto, apesar de inspirador para alguns, é emblemático da capacidade do MPLA de fabricar histórias para moldar percepções e construir um imaginário que favoreça sua perpetuação no poder.


Outro exemplo reside na bandeira nacional. Somos ensinados que há uma roda dentada presente no emblema. Entretanto, um olhar atento revela algo bem diferente: o design não se assemelha a uma roda dentada, mas a uma estilização da foice e do martelo, símbolos do comunismo. A estrela vermelha, que completa o conjunto, não deixa dúvidas sobre a inspiração ideológica da bandeira, ainda que o partido insista em negá-la ou suavizá-la para o público contemporâneo.


Essas narrativas, repletas de meias-verdades e contradições, não são acidentes. Elas são parte de um esforço deliberado de controle simbólico, destinado a reforçar a legitimidade do MPLA como o líder incontestável da nação, tanto antes quanto depois da independência. A celebração de 1956, portanto, não é apenas uma data; é uma peça de teatro político.


O problema, contudo, é que as farsas têm um limite. A história real sempre encontra uma forma de emergir, seja pelas investigações acadêmicas, seja pela memória colectiva que resiste às manipulações. A cada aniversário do MPLA, mais vozes se levantam para questionar essas versões oficiais, para expor os contos da carochinha que moldaram gerações, e para lembrar que uma nação não se constrói sobre mentiras.


Enquanto o MPLA insiste em comemorar seu aniversário com discursos ensaiados e promessas gastas, o povo angolano continua aguardando um verdadeiro renascimento – não de um partido, mas de uma Angola livre de mitos convenientes e pronta para encarar sua própria história com honestidade e coragem. Afinal, não é possível avançar enquanto se está preso a um passado que nunca foi o que se diz ser.

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