VIOLÊNCIA POLICIAL, ATÉ QUANDO SEREMOS REFÉNS DE MORTES INOCENTES? - CAIRO CIMENTA

 



A tragédia que ceifou a vida de uma jovem entre 13 e 17 anos no bairro Bulaque, em Cambulo, Lunda-Norte, é um retrato cruel das consequências de uma prática que tem se tornado comum em algumas partes de Angola: a violência policial e a falta de responsabilidade institucional. 

Essa jovem não era apenas mais uma vítima. Ela era órfã de mãe, uma criança que, em meio ao luto pela perda materna, encontrou a morte nas mãos de quem, em teoria, deveria proteger. Durante uma ação policial contra uma motorizada de três rodas vulgo "Tá Maluca", a mesma transportava combustível, um agente do SIC abriu fogo, aparentemente sem considerar o ambiente e as pessoas ao redor. O resultado? Mais uma vida interrompida, uma comunidade em luto e uma revolta generalizada contra o abuso de poder.



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Não é a primeira vez que essa região enfrenta perdas semelhantes. Recentemente, outro caso fatal (Paz à Janete Rufino) ocorreu no Município do Caungula, ainda na Lunda-Norte, envolvendo a atuação da polícia. Essas ações evidenciam uma ausência de disciplina, preparo e sensibilidade em certos setores das forças de segurança pública. Cada um desses eventos denuncia uma desconexão profunda entre a Polícia Nacional e a população, além de uma cultura de impunidade que favorece a recorrência desses trágicos episódios.

Ao analisarmos o contexto, é inevitável questionar a abordagem tomada pelos agentes de segurança em ações como essa. Correr atrás de um suspeito, colocar em risco vidas inocentes e atirar indiscriminadamente não é sinal de coragem, mas de imprudência. Em vez de assegurar a segurança, essas práticas só alimentam a desconfiança e a hostilidade da comunidade, levando ao abandono e até mesmo à depredação de instalações policiais, como aconteceu no Cassanguidi.

Precisamos urgentemente de uma reestruturação nas forças policiais que vá além do treinamento técnico. É fundamental fomentar a aproximação e a confiança mútua entre a polícia e os cidadãos, promovendo um serviço de segurança pública que respeite os direitos humanos e valorize a vida. Afinal, de que serve uma força policial que, em vez de proteger, ameaça os mesmos cidadãos que deveria defender?

Até quando as comunidades terão que conviver com essa violência, com perdas irreparáveis e com a sensação de serem reféns de quem detém o poder? Se nada for feito, essas mortes continuarão a ocorrer, e Lunda-Norte, assim como outras regiões, seguirá na linha de frente de uma luta desigual onde quem perde sempre é o povo.

A responsabilidade é de todos nós. Exigir justiça, transparência e mudanças concretas deve ser prioridade para impedir que a próxima vítima seja outro inocente.

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