Quando o Sucesso se Torna Crime em Angola- Hitler Samussuku



A trajetória de Artur Almeida e Silva à frente da Federação Angolana de Futebol (FAF) foi uma lufada de ar fresco num país onde o desporto, especialmente o futebol, sempre andou no fio da navalha entre a mediocridade e a esperança. Sob a sua liderança, os Palancas Negras voltaram a ter relevância nos cenários africano e mundial, e a autoestima do torcedor angolano, tão maltratada ao longo das décadas, renasceu. Contudo, como de costume em Angola, a meritocracia é um crime imperdoável.


Artur, o “coitado” competente que ousou elevar o nível do futebol nacional, foi alvo de uma conspiração bem urdida, onde dinheiro, poder e racismo institucional deram as mãos. Quem ousa trabalhar para o povo, sem se submeter aos esquemas obscuros dos bastidores, acaba sendo descartado como uma peça de xadrez numa partida onde as regras são escritas por aqueles que detêm o poder.



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O afastamento de Artur não foi apenas uma decisão administrativa, mas um golpe político. Um golpe planejado cuidadosamente para abrir caminho a Alves Simões, uma figura conhecida não pelo brilho ou conquistas, mas pela destruição metódica do Interclube. A nomeação de Alves Simões é um lembrete cruel de que, em Angola, a competência raramente é critério para cargos de liderança – especialmente quando dinheiro e prestígio estão em jogo.


E no horizonte, o CAN 2025 aparece como a cereja do bolo. Um evento que poderia ser uma oportunidade de ouro para o futebol angolano foi transformado numa estratégia para desviar a atenção do povo do congresso do MPLA. Organizar o CAN significa gerir orçamentos colossais, e o regime, sedento por controlar cada centavo, não poderia permitir que Artur Almeida continuasse no comando. Ele já havia provado que sua prioridade era o futebol, não os interesses obscuros da elite.


A ironia é amarga: Artur trouxe um treinador de renome, implementou estratégias inovadoras, e os Palancas Negras finalmente começaram a ter resultados consistentes. Mas, em vez de aplausos, ele recebeu traição. Quem ousa brilhar, em Angola, é sempre uma ameaça.


A máxima popular de que “equipa que está ganhar não se mexe” foi ignorada mais uma vez. Em Angola, quem está ganhando pelo povo é destituído, enquanto incompetentes ocupam seus lugares para garantir que os cofres permaneçam abertos à voracidade de poucos.


Resta aos angolanos, mais uma vez, a sensação de desalento. A confiança no futebol nacional, conquistada com suor e trabalho por Artur Almeida e Silva, corre o risco de ser dilapidada em nome de interesses mesquinhos. Angola, afinal, continua a ser um país onde o sucesso é visto como subversão e o povo é sempre deixado com o gosto amargo da frustração.

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