A música gospel, em sua essência, carrega uma missão sagrada: tocar corações, trazer mensagens de fé, exortação e transformação. É um canal de comunicação com o divino, uma forma de adorar e inspirar. Contudo, nas entrelinhas desse mundo, denúncias perturbadoras revelam um cenário que contradiz os valores que a música gospel deveria refletir.
Mulheres que aspiram a uma carreira no mundo gospel enfrentam um dilema devastador: a promessa de fama e reconhecimento vem com um preço alto e antiético. Elas são pressionadas a manter relações sexuais com produtores e músicos renomados sob a promessa de apoio, visibilidade e abertura de links para patrocínio. Esse ciclo de exploração transforma um espaço de louvor em um mercado de trocas imorais, onde a dignidade é sacrificada em nome da "oportunidade".
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Se as paredes dos estúdios gospel falassem, muitos produtores e muitas famosas gospel já teriam fugido do país. Há alguns poucos exemplos de cantoras gospel que namoraram com produtores e foram levadas ao altar. Mas são pouquíssimos exemplos. Também há casos de cantoras que optarem por desistir da música gospel quando se depararam com este cenário vergonhoso.
Em Angola existe uma associação de músicos cristãos “Asso-Música. Nada, absolutamente nada faz para acabar com esse problema. Pelo contrário, tem sido o refúgio de muitos malandrecos. Nem é necessário andar muito para encontrar uma menina que conta história triste que viveu e o artista está escondido na Asso-Música
Ninguém quer falar disso em Angola. A censura é grande, mas já é hora de se abrir as cubas. É hora de mudar. É hora de acabar com os P. Diddy´s gospel.
Uma Comparação Internacional: Mecanismos de Proteção nos EUA e Brasil
Nos Estados Unidos, a indústria da música já passou por uma série de escândalos envolvendo assédio e abuso. Movimentos como o #MeToo trouxeram à luz o sofrimento de muitas mulheres em diversas áreas, inclusive na música gospel. Isso resultou em medidas que envolvem o fortalecimento de associações de apoio às vítimas e a implementação de políticas rigorosas em igrejas e gravadoras gospel, incluindo treinamento obrigatório sobre assédio sexual e canais de denúncia protegidos e independentes.
No Brasil, a questão tem nuances próprias, mas não deixa de ser igualmente preocupante. Recentemente, algumas igrejas e denominações adotaram medidas para abordar o assédio, como comissões internas de ética e workshops de conscientização sobre conduta moral e profissional. Contudo, há um caminho longo a ser percorrido para romper o silêncio que ainda paira sobre o tema.
A Realidade Local: Rompendo o Silêncio
Para muitas mulheres, a escolha de seguir a carreira gospel vem acompanhada de uma fé inabalável e o desejo de adorar a Deus através da música. No entanto, a exploração sexual transforma a adoração em um palco de dor. Perguntas profundas emergem: como um cantor que deveria ser exemplo de fé e conduta pode ceder ou forçar alguém a ceder sua "caná celestial" em troca de favores? Onde está a unção verdadeira de Deus nesse processo?
É hora de a igreja assumir uma postura clara e intransigente contra qualquer forma de exploração. As lideranças precisam ouvir as vozes das mulheres que foram silenciadas e tomar medidas para proteger a integridade do ministério musical. Isso inclui criar canais seguros de denúncia, incentivar uma cultura de transparência e exigir que líderes sejam exemplo de conduta irrepreensível.
O Chamado à Ação: Um Apelo Urgente
A sociedade também deve estar vigilante. O problema não é apenas da igreja, mas de todos aqueles que desejam ver a justiça e a dignidade humana prevalecerem. A música gospel deve voltar a ser o que ela realmente é: um espaço de pureza e adoração, onde o coração é o verdadeiro palco e o altar de Deus.
Que este apelo ecoe nas mentes e corações de todos: é hora de restaurar a verdadeira essência do louvor e proteger as vozes que buscam adorar sem medo. Porque, para muitas, a verdadeira adoração é feita longe dos holofotes, onde o coração se torna o palco e a pureza é a verdadeira unção.
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