(Dedico esta pequena reflexão e aproveito para saudar a todos neste dia, especialmente ao meu irmão mais novo, o Professor Paulo de Carvalho, que nos lançou o mote pertinente: “que este 11 de Novembro sirva para cada um(a) de nós reflectir sobre o que temos realmente feito em prol do sofrido povo de Angola (e não apenas em prol do umbigo de cada um)”.)
Na altura da sua proclamação a Independência foi muito boa, sob o ponto de vista emocional, para nós que tínhamos idade para receber algo tão artificialmente almejado, mas para o que não estávamos preparados. Como havia vários territórios coloniais que se haviam tornado independentes, pouco mais de uma década antes, não quisemos saber das suas trágicas experiências. Por isso, quando a maior parte da comunidade branca partia, ficamos encantados, ao ficarmos com os seus adquiridos e construídos. Não nos passou pela cabeça (para muitos até hoje não passa) que o Estado moderno africano foi criado, para o bem e para o mal, pelo colonizador europeu de então.
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À sua chegada, as comunidades autóctones tinham uma direcção endógena que muito dificilmente redundaria nos atuais países como Angola. No entanto, não foi mau aceitarmos as coisas como ficaram, sob o chamado princípio uti possidetis (intangibilidade das fronteiras artificiais estabelecidas pelo colonizador europeu). Um adágio umbundo diz algo aproximado: “ocinimbu wateta konhoha oco cove”. Ou, citarei o poeta e ensaísta benguelense, Luís Kandjimbo que diz “utila kautiuka” e traduz: “não há regresso na idade”. O importante é aprender as lições do passado. Namíbia e África do Sul de que tanto nos ufanamos em termos “libertado”, parece terem aprendido com as lições de Angola e Moçambique. Nem sequer descolonizaram, no sentido em que nós o fizemos, com a concordância do próprio Portugal, já bastante extenuado pelas chamadas “lutas libertação nacional”. Está claro que não defendo que regressemos ao passado para reparar os equívocos de então. Preocupa-me o problema de hoje, este, provavelmente difícil de detectar, porque temos a mesma cor maioritária: o colonialismo e até um apartheid negro sobre negros, em Angola, que não gera progresso.
Não falo de Moçambique, terra alheia. Falo de Angola para a qual defendo uma negociação imediata, com esses que vão reforçando os seus mecanismos de repressão sobre os povos de Angola, especialmente sobre a sua juventude, a morrer de fome e nas cadeias. E todos nós a ver e a tremer de medo. Que não seja assim, nos próximos 50 anos. Senão, será dizer como o general Lukamba Gato: “o único ganho (que tive com a independência) foi a nacionalidade angolana”(FB).
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