Os ventos não sopram a favor de Angola. Ou, se quiserem, do MPLA. Ou, ainda se preferirem, de João Lourenço…Depois de ter azedado a relação com o único que decidiu estender a mão ao país quando a maior parte lhe virou as costas; depois de ter tentado buscar fortalecer as relações com o Ocidente, especialmente com os Estados Unidos.
Fantasiado na diversificação dos laços internacionais e na atracção de investimentos e apoio económico, cujo objectivo surripiou dos cofres públicos milhares e milhares de dólares; depois de quase ter saído do quase a vinda de um presidente norte-americano, que levou à movimentação de céus e terras para que Angola ficasse minimamente apresentável; quis o raio do destino que os democratas fossem varridos e com eles, talvez, a esperança da concretização dessa aproximação. Não é novidade pra ninguém a ideologia isolacionista de Donald Trump e o que no geral ele pensa sobre África.
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No seu primeiro mandato, os interesses de Trump basearam-se apenas na contenção da influência chinesa e russa. Sendo certo que ideologia nenhuma deve comprometer qualquer interesse nacional, será igualmente certo que Angola constará da lista de prioridades da administração Trump? Aguardemos…
Aqui de mais perto, do índico também não nos chegam boas-novas. O irmão de pai e mãe do MPLA está a ‘xixilar’ com o povo que, desde o dia das eleições, se recusa a aceitar os resultados e por meio de protestos decidiu tentar correr com o partido no poder. As manifestações, tal como à bela moda angolana - afinal não é à toa que os dois países são considerados siameses - estão a ser vistas como actos de vandalismo e já provocaram várias mortes.
Há praticamente um mês o povo moçambicano reivindica a vitória de Venâncio Mondlane e avisa que não vai aceitar que a Frelimo continue a fazer e a desfazer com o país. Ainda assim, João Lourenço apressou-se a entrar numa fila vazia de presidentes que felicitaram Daniel Chapo. Segundo a mensagem levada a Moçambique, o MPLA vai apoiar o seu siamês no que for preciso. Diante de todo este cenário, a ser um livro basear-nos-íamos no já escrito por Emídio Fernando com uma pequena adaptação e ficaria: João Lourenço do lado errado da história!
Enquanto isso… O novo ministro do Interior recebeu ordens expressas para colocar um travão no contrabando aos combustíveis, ao que Manuel Homem anuiu, avisando que não vai sobrar pedra sobre pedra. E de repente começaram a aparecer, do nada, estaleiros clandestinos e a ser apresentados os prevaricadores. Peixe miúdo, claro. O graúdo continua sem rosto, nome ou endereço.
Talvez por isso JLo tenha aconselhado o Homem do Interior a não tremer diante da farda, porque “ela não faz mal a ninguém”. Claro que não, quem faz é quem a usa, mas isso são contas para outro rosário. Enquanto Manuel Homem dá o show, o afastamento do ministro rebuçados e chocolates continua a doer a muitos. Tanto que lhe foi feita até uma canção. É muito amor envolvido…
Ainda nestes dias que andaram, o antigo vice-presidente do MPLA endossou a campanha iniciada pelo seu presidente segundo a qual os actos de vandalismo que acontecem no país são patrocinados pela oposição. Roberto de Almeida admitiu que os angolanos vivem muitas limitações e dificuldades, o que terá criado uma descrença no Governo.
Mas, como é preciso dividir o mal pelas aldeias, o também antigo presidente da Assembleia Nacional preferiu repartir as culpas com a oposição. Esta troca de mimos entre os dois arquirrivais não surpreende ninguém, mas continua a não fazer sentido, porque 'todas as mães já sabem quem é o único e exclusivo responsável por essa "descrença"...
Valor Econômico
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