Após três meses de investigações, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) desmantelou, em agosto de 2024, uma suposta rede criminosa composta por 52 cidadãos chineses, liderada por Xiong Jinlang, que operava clandestinamente um casino online a partir de uma sala localizada no Hotel Sun Shine, em Talatona, Luanda. A operação resultou na detenção dos envolvidos e na apreensão de vários equipamentos tecnológicos, incluindo 223 computadores, 113 telemóveis e documentos relacionados ao esquema criminoso, que envolvia jogos de apostas online.
No entanto, os senhorios do hotel, o casal chinês Lin Yang Yin e sua esposa, que arrendavam o espaço ao grupo liderado por Xiong Jinlang, expressaram frustração e indignação com o tratamento dado pelas autoridades angolanas. Segundo o casal, o Hotel Sun Shine foi injustamente afetado pela operação, uma vez que não tinha qualquer envolvimento direto com as atividades ilícitas realizadas pelos detidos, que, segundo eles, estavam utilizando o hotel apenas como uma sede para operar o casino online.
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Confusão sobre a Responsabilidade e Injustiças Processuais
De acordo com os senhorios, a operação do SIC foi realizada sob a Notificação de Mandado de Busca, Revista e Apreensão, número 257/2024, que autoriza a apreensão de bens materiais e a coleta de provas nos termos da lei angolana. No entanto, o casal alega que nada no contrato de arrendamento celebrado com o grupo chinês indicava envolvimento do Hotel Sun Shine nas atividades criminosas. Eles defendem que o contrato foi firmado de acordo com a legislação angolana, e que a responsabilidade pelas ações de Xiong Jinlang e seus associados deveria ser exclusivamente sua.
A notificação refere que o grupo operava através de uma rede de apostas online, burlando dezenas de brasileiros e realizando transações fraudulentas. Além disso, foram acusados de associação criminosa, acesso ilegítimo a sistemas de informação, sabotagem informática, burla informativa, lavagem de capitais e financiamento ao terrorismo. A operação também revelou o envolvimento de vários angolanos, que, de acordo com fontes da investigação, trabalhavam no marketing do casino online, promovendo os jogos por meio de perfis falsos nas redes sociais.
Impacto no Hotel e Descontentamento com Autoridades
O casal proprietário do hotel ressaltou que, embora a operação tenha sido legítima, a falta de transparência e de comunicação com os envolvidos no caso causou sérios danos à imagem do hotel e prejudicou a sua atividade comercial. "Fomos surpreendidos pela busca e apreensão e desde então o nosso hotel está parado. Não podemos pagar nossos funcionários, os equipamentos estão a estragar-se e os custos de manutenção aumentam sem que possamos operar. O hotel começa a apresentar danos estruturais devido à falta de cuidados", afirmaram.
Eles também expressaram sua frustração com a forma como os meios de comunicação têm tratado o caso, afirmando que alguns jornais privados, como o Novo Jornal, publicaram informações distorcidas, sem uma investigação aprofundada. O jornal havia relatado, por exemplo, que vídeos obtidos durante a operação mostravam os envolvidos fazendo publicidade de apostas para jogadores no Brasil, o que foi interpretado pelos senhorios como uma calúnia e uma difamação.
Pedido de Intervenção das Autoridades
Em meio à crise, o casal fez um apelo à intervenção das autoridades angolanas e chinesas para que a situação fosse resolvida de forma mais célere, com uma maior clareza sobre as responsabilidades e o futuro do Hotel Sun Shine. Eles pediram também que a sua embassy chinesa em Angola fosse acionada para garantir a devida proteção à sua empresa, que tem cumprido suas obrigações fiscais e sociais em Angola desde a sua fundação.
O casal ainda mencionou que, apesar de estarem cooperando com as autoridades, se sentem pressionados e ameaçados pela possibilidade de serem indiciados como cúmplices no esquema criminoso, algo que negam enfaticamente. "Estamos a sofrer pressões psicológicas e ameaças de sermos processados, embora tenhamos agido de boa fé e dentro da lei. O hotel está a ser prejudicado sem culpa alguma nossa", declararam.
Compromisso com a Lei Angolana
Apesar da crise, o casal reforçou seu compromisso com a legislação angolana, afirmando que, ao longo de sua permanência no país, sempre buscou cumprir as obrigações legais e contribuir para o desenvolvimento do país. "Temos vários projetos sociais em Angola e sempre respeitamos as recomendações da Embaixada da China para investir conforme as leis do país", concluíram.
Este incidente levanta questões sobre a responsabilidade dos proprietários de imóveis em contratos de arrendamento, especialmente quando os inquilinos estão envolvidos em atividades criminosas, e sobre a coordenação das autoridades na aplicação da lei. Enquanto o SIC continua com a investigação, as partes envolvidas aguardam uma resolução que possa restaurar a normalidade no setor e esclarecer de forma justa as responsabilidades de cada um.
Elias Muhongo
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