João Lourenço sacudiu as estruturas do poder ao exonerar Eugênio Laborinho do cargo de Ministro do Interior, substituindo-o por Manuel Homem, um jovem com perfil mais alinhado aos Serviços de Inteligência e à visão de Fernando Garcia Miala. Essa troca não é apenas uma substituição burocrática; é um movimento estratégico que redefine as alianças e rivalidades internas no sistema de defesa e segurança angolano, onde Laborinho, até então, havia se consolidado como uma figura temida e inquestionável.
Laborinho dominava o Ministério do Interior desde 2019, comandando operações sensíveis e controversas, como a chamada “Operação Transparência” — ironicamente uma operação envolta em opacidade, marcada por relatos de arbitrariedades e de falta de transparência, especialmente em relação ao controle das fronteiras. Sob sua liderança, surgiram denúncias de envolvimento do ministério em redes de contrabando de combustível e tráfico de drogas, actividades que estariam supostamente ligadas ao próprio círculo de confiança de Laborinho.
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Essas denúncias, contudo, não são novas. Ganharam eco nas redes sociais por meio das declarações do ex-criminoso Man Genas, que, de Moçambique, gravou vídeos denunciando a corrupção estrutural e o suposto envolvimento de figuras do Ministério do Interior em actividades ilícitas. Em uma manobra dramática, Laborinho deslocou-se com um avião da presidência para capturar e repatriar o Man Genas — uma acção que revelou o poder absoluto que Laborinho exercia, mas que também o expôs à opinião pública e acabou por corroê-lo.
Agora, o nome que ocupa a cadeira deixada por Laborinho é Manuel Homem, até então visto como uma figura mais flexível e menos confrontacional. Como governador de Luanda, Manuel Homem demonstrou uma habilidade incomum para dialogar com os opositores, ganhando, em alguns círculos, a fama de possível sucessor de João Lourenço. No entanto, a projecção de Manuel Homem para o Ministério do Interior não parece ser apenas uma promoção, mas sim uma aposta no controle mais sutil e estratégico das operações de segurança, em contraste com o estado de terror que muitos associam ao período Laborinho.
Por trás de todas essas trocas, emerge a sombra do General Fernando Garcia Miala, chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado e um dos arquitetos do sector de defesa em Angola. Sua longa rivalidade com Eugênio Laborinho finalmente chega a uma conclusão. Com Laborinho exonerado, Miala consolida seu domínio sobre os bastidores da segurança nacional, tornando-se o “todo-poderoso” desse complexo xadrez político.
Ainda que afastado, o ex-ministro não deve ser subestimado. O jogo político angolano, movido por lealdades mutáveis e interesses cruzados, pode trazer Laborinho de volta ao tabuleiro, sobretudo com seu histórico de lealdade ao MPLA. A substituição por Manuel Homem pode marcar um novo estilo de governança, mais diplomático, mas a trajetória de Manuel Homem e o desfecho desta disputa de poder só serão revelados ao longo das próximas jogadas do João Lourenço que também tem sido fortemente contestado dentro do seu partido.
Por Hitler Samussuku
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