UMA CAJADADA, DOIS COELHOS!

 

Pelo curtíssimo espaço de tempo que decorreu entre a surpreendente e inesperada legalização do seu «prajá» e a sua não menos espantosa nomeação como conselheiro da república, parece que não haverá nenhuma preocupação dos dois lados em se esbater as suspeitas de que Abel Chivukuvuku terá estabelecido algum tipo de acordo com o regime para conseguir tanta felicidade assim. 

De repente, tudo ficou fácil demais para o Man Chivas, como gostava de lhe chamar o Celso Malavoloneke, o meu «editor de capa», ao tempo do Semanário Angolense da era Salas Neto, que aquele chegou a visitar.

Como não há almoço grátis, conjectura-se que a missão do líder do partido político mais novo do país será a de escangalhar a frente patriótica unida, se não for já só a de arregimentar no parlamento os votos que o incumbente precisaria para fazer aprovar uma revisão constitucional que lhe permita o tal terceiro mandato.

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Nesses termos, como podem já ser considerados no papo os deputados do Partido Humanista, FNLA e PRS, o MPLA precisaria apenas de mais 17 votos para alcançar a maioria de dois terços (147)que lhe permitisse modificar a lei magna à medida dos seus apetites hegemónicos.

E é nessa perspectiva que o «prajá» passa a valer ouro, por ter uns 14 deputados misturados no grupo parlamentar da UNITA, no quadro da frente patriótica unida.

A ser assim, a «compra» do Abel acabaria por render em dose dupla ao regime, já que ele, ao não conseguir evitar a áurea de traidor por associação com o «demónio», ficaria tão queimado junto das massas, que seria melhor esquecer duma vez por todas o seu sonho presidencialista, facilitando assim a vida do candidato natural. Aposto que nem mais mil votos ele deverá conseguir na próxima disputa eleitoral, passe o exagero.

Em substância, poder-se-ia dizer que o Coiso é bem capaz de vir a conseguir caçar dois coelhos com uma só cajadada. Granda jogada!

Salas Neto

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