ELEIÇÕES MOÇAMBICANAS 2024 E SUAS LIÇÕES PARA ANGOLA 2027



As eleições, esse espetáculo cívico onde o voto é a arma mais poderosa do cidadão, têm se tornado verdadeiros teatros políticos na África Austral. Angola e Moçambique, duas nações irmãs, veem-se presas a estratégias semelhantes, manipuladas pelas mãos de quem deseja o poder eterno. O cenário que testemunhamos nas eleições de 2022 em Angola parece agora inspirar a narrativa moçambicana em 2024, onde a FRELIMO, o partido histórico, assume táticas sombrias na tentativa de perpetuar o seu domínio.


Logo após a controversa eleição angolana, o MPLA, sem perder tempo, encenou um espetáculo fúnebre: enterraram o corpo de José Eduardo dos Santos. Antes mesmo de os resultados finais serem oficialmente anunciados, a nação foi envolvida pelo clima pesado de despedida ao ex-líder. Um golpe de mestre? Talvez. Até os líderes da oposição se viram capturados pelo simbolismo, comparecendo ao funeral, alheios ao impacto que tal movimento teria na consciência do povo. Com o funeral, enterrava-se também a chama do protesto, e logo as ruas de Luanda, antes agitadas, foram tomadas por tanques e soldados que desfilavam em uma coreografia cuidadosamente orquestrada de intimidação.



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O MPLA não se limitou ao velório simbólico. Acelerou a tomada de posse, realizando-a quase três semanas antes do prazo legal, uma manobra que deixou os partidos de oposição encurralados e o povo, desgastado. Foi uma victória, porém não pela transparência, mas pelo cansaço de uma nação cansada de gritar sem ser ouvida.


Passamos ao palco moçambicano, 2024, onde a FRELIMO parece repetir o script. Desta vez, a tática foi de terror: em menos de uma semana após as eleições, as ruas foram manchadas com o sangue do Advogado Elvino Dias e do mandatário Paulo Guambe, vozes firmes da oposição. A mensagem era clara: para aqueles que ousassem desafiar o poder, o destino seria sombrio. Mas o tiro saiu pela culatra. A coragem de Venâncio Mondlane, firme em sua posição, frustrou o plano da FRELIMO de semear o pânico e calar a resistência.


Com uma oposição mais determinada, o regime enfrenta agora a pressão de observadores internacionais e do Instituto Republicano, que têm mantido um olhar atento sobre o desenrolar dos acontecimentos. E o povo moçambicano? Diferente de seus irmãos angolanos em 2022, não se intimidou. As ruas estão mais vivas que nunca com protestos, e a adesão massiva deixa os governantes inquietos.


Se em Angola o enterro simbólico e os tanques silenciaram a nação, em Moçambique a coragem do povo e de líderes como Venâncio Mondlane provam que o medo não é uma arma infalível. A popularidade crescente de Mondlane é o espelho de uma sociedade que cansou de silenciar e que, tal como um rio que encontra obstáculos, está prestes a transbordar. Moçambique hoje mostra que a estratégia do medo, importada do MPLA, tem seu prazo de validade. E talvez, dessa vez, o som que ecoa não seja o de tiros e tanques, mas o de uma verdadeira mudança.


Por Hitler Samussuku


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