João Lourenço é um fato de segunda mão- Rafael Marques



Rafael Marques, jornalista e ativista, fala sobre a situação política em Angola e a visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem. 

Politicamente, como está o ambiente em Luanda?

O ambiente é de incerteza. Em tempos de paz, o ambiente político tem sido determinado pelo dinheiro e seus interesses.

O que se espera destas eleições?

O MPLA entra em campanha em dezembro, utilizando todos os meios do Estado, em particular o Jornal de Angola, a Rádio Nacional e a Televisão Pública de Angola. Em janeiro, aprova uma lei de imprensa draconiana; em fevereiro, reprime manifestantes e continua a governar as execuções extrajudiciais de jovens na periferia de Luanda, como se a morte nada fosse. Espero que os cidadãos despertem e exerçam seu poder de cidadania. Do contrário, as eleições serão apenas uma obrigação para que os cidadãos legitimem a opressão de que são alvos.


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O que se pode esperar de João Lourenço?


João Lourenço é um fato de segunda mão que o MPLA quer usar como roupa nova, sem antes tomar banho. Serão 42 anos a oprimir, roubar e castigar os angolanos. Já alguém ouviu João Lourenço fazer mea culpa? E o MPLA assumir responsabilidade pela desgraça dos angolanos? João Lourenço só quer ser presidente; os angolanos que se virem.


O candidato do MPLA é apenas um homem da política ou também um homem de negócios?


Na direção do MPLA, praticamente todos são candongueiros e corruptos. Em 2009, escrevi sobre as negociatas dos deputados. Enquanto vice-presidente da Assembleia Nacional, Lourenço assinou um contrato com o Estado na sua qualidade de gestor da empresa privada JALC, para um investimento de 103,2 milhões de dólares na constituição da Companhia de Cervejas de Angola, S.A. Para Lourenço e seus colegas, não há diferença entre público e privado. Tudo é deles, como diz o povo.


Há oposição em Angola ou apenas um grupo de ativistas isolados?


Há oposição em Angola, embora tímida, mas há. Faltam líderes visionários, capazes de catalisar a sociedade a exercer seus direitos políticos e civis de forma destemida e para a defesa do bem comum. Existem ativistas corajosos por toda parte. Faltam, contudo, a argamassa da solidariedade e o princípio de que a união faz a força.


José Eduardo dos Santos deixou ou não cair Manuel Vicente?


Deixou-o cair em 2012, quando o tirou da Sonangol. Deu-lhe um paraquedas: a vice-presidência, para ir caindo devagar. Vicente pensou em dar mais um salto quando se envolveu com o procurador Orlando Figueira, mas acabou saltando em Portugal sem paraquedas. Agora, já não tem bombeiros portugueses à sua espera no solo. Triste.


Que leitura faz deste cancelamento da visita da ministra da Justiça portuguesa?


Foi um alívio para o regime. A ministra da Justiça é muito séria e conhece-os a fundo; não alinharia naqueles comunicados de grande camaradagem entre as elites dos dois países. Manuel Vicente foi a melhor desculpa possível.


Como está a economia?


Qual economia? A do Presidente, da Isabel e de uns poucos, vai muito bem, sempre a subir. Por isso, José Eduardo dos Santos tem "uma comissão para a economia real". Para as empresas e a comunidade portuguesa em Angola, continua a ser o El Dorado.


Melhorou algo com a subida do petróleo?


As receitas do petróleo são sempre para o benefício visível das famílias reinantes, privilegiados e de alguns apoiantes. As lojas de luxo da Avenida da Liberdade, em Lisboa, é que poderão dizer se continuam ou não a fechar para que a nomenclatura angolana faça suas compras exclusivas. Aqui, em Luanda, o povo leva porrada se reclamar. Até um dia...




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