Bem entendido, se não tiver apenas lançado uma casca de banana, o presidente João Lourenço, no discurso que fez no seu encontro inédito com as bases do MPLA, terá dado indicativos de que irá apostar num «jovem turco», como bem gostava de assinalar o jornalista Severino Carlos, nas projecções afins no Semanário Angolense, ao tempo de José Eduardo dos Santos, para a sua eventual substituição na liderança do partido, no congresso ordinário da congregação, em 2026.
A ser assim, ele anula desde já a «assanhadice» de certa velhada do partido, que se estará a enfeitar com alguma malta como candidata à chefia do MPLA no dito congresso, num esforço para a democratização da organização, que nunca se permitiu a algum conclave com várias candidaturas, em respeito à «disciplina partidária», que não dá espaços a estas piruetas.
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Ora, independentemente das verdadeiras intenções que o incumbente possa ter, gostava de escalpelizar o que será isso de «juventude».
O prof. Bino Matamba, o especialista em estudos estratégicos que tem sempre razão, não sei se inspirado em quem, defende que a juventude é um estado de espírito, dando a entender que um um velho pode continuar jovial se insistir a portar-se como tal, independentemente do avanço da idade física, digamos, como eu, modéstia à parte.
Ora, na pior das hipóteses, por mais condescendências que possamos dar à definição, não haverá como se atribuir o estatuto de «jovem» a quem tiver mais de 45 anos, que era idade que antigamente se dava ao início da terceira idade.
Portanto, se o presidente João Lourenço quiser mesmo um «jovem» para o vir a substituir, terá de buscar malta que andará no máximo entre os 42 anos, que em 2027 atingirá os 45, uma vez que, tendo em conta a tese que defendo, alguém para cima desta idade já terá entrado na velhice, classe em que ele diz que já não aposta.
Seja como for, nem quero imaginar a batalha que o Man João pode ter desencadeado entre os «jovens turcos» que se considerarem os eventuais preferidos para a substituição do chefe, qual deles o mais adulador. Vai ser bonito, como diria a minha velhota, senhora dona joaquina Gonçalves da Silva, que hoje fez 86 anos.
Salas Neto
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