O MPLA não é exactamente uma boa escola de lealdade.
Em 1977, deixou que Agostinho Neto carregasse,sozinho, o fardo da matança que se seguiu à dita tentativa de golpe de Estado.
É verdade que Agostinho Neto fez por merecer o fardo por causa da irresponsável afirmação de que o MPLA não perderia tempo com julgamentos e que não haveria perdão para os chamados fraccionistas.
Como “cabeça de casal”, Agostinho Neto mereceu ser responsabilizado pela carnificina que varreu o país, de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste. Mas, não foi o único responsável. Se o MPLA tivesse se oposto, o morticínio não teria atingido aquelas proporções - mais de 80 mil mortos, segundo as estimativas mais modestas.
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Durante 38 anos, o MPLA acompanhou o seu líder, José Eduardo dos Santos, em todas as políticas que ditaram o retrocesso Económico e social do país. Nos últimos 20 anos, o MPLA conluiou-se com o seu líder, que tomava como clarividente, no saque e pilhagem de Angola.
Toda direcção do MPLA aplaudiu e beneficiou-se da dita acumulação primitiva do capital, que José Eduardo proclamou por ocasião dos 40 anos da independência nacional.
Nesse discurso, ele defendeu que o país não pode estruturar o sistema económico nacional sem a acumulação primitiva de capital por parte de grupos económicos angolanos conscientes e fortes.
Para formar os tais “grupos econômicos angolanos conscientes e fortes”, José Eduardo dos Santos chamou à mesa do repasto filhos, irmãos, altos dirigentes do MPLA, amigos e amigos dos amigos e a cúpula castrense.
Empresários e cidadãos com reconhecida capacidade de empreendedorismo e comprovado compromisso com o país foram deixados de fora.
O mesmo MPLA que dizia que, com José Eduardo dos Santos, o país tinha rumo, fingiu-se de morto desde que em 2017 o seu novo líder, João Lourenço, se entregou ao
massacre impiedoso do legado do seu antecessor.
Com a conhecida excepção de Boa-vida Neto, que se manteve leal a JES, toda a direcção do MPLA tem assistido, queda e muda, ao continuado desmantelamento de tudo o que João Lourenço identifica com o seu antecessor . A perseguição aos filhos de JES, sobretudo a Zenu dos Santos tem as impressões digitais do Presidente João Lourenço.
Doente, em Luanda, a direccão do MPLA, onde ainda pontificavam coetâneos como Dino Matross, França Ndalu, Nvunda e muitos outros, lidou com JES como se ele estivesse tomado por lepra ou outra doença contagiosa.
Depois de morto, a direcção do MPLA permitiu, impávida, que João Lourenço lidasse com o cadáver de JES como se fora um caso pessoal. E foi mesmo.
Nos seus dois últimos programas, as Conversas Essenciais debaterem a avaliação que a Afrobarometer faz do desempenho do Presidente João Lourenço e do seu Executivo nos últimos anos.
Como se ouviu e leu, nos círculos urbanos, mormente em Luanda, Uige, Zaire e Cabinda, João Lourenço atingiu níveis de impopularidade incomuns: 85 em cada 100 angolanos querem vê-lo pelas costas.
João Lourenço só encontra escasso apoio nos meios rurais, onde o analfabetismo, a cultura de obediência cega às autoridades, a falta de cultura política leva a que as pessoas pensem que não têm direitos protegidos na Constituição. Os camponeses dos Gambos ou da Matala, para só citarmos esses, tomam o acesso à água, à escola e a outros bens e serviços não como seus direitos, mas como dádivas das autoridades. O mesmo se passa com o kwenda, que o Governo manipula como prova da sua generosidade.
Nessas duas semanas em que o Presidente João Lourenço tem sido confrontado com irrefutáveis provas da sua incapacidade de governar o país, nenhum dirigente do MPLA se predispôs a dar o peito às balas por ele.
O programa Conversas Essenciais contactou responsáveis do MPLA para, ao menos, tentarem explicar o rotundo fracasso que tem sido a governação de João Lourenço, mas nenhum anuiu.
Trocado por miúdos: nenhum dirigente do MPLA está disposto a dar a cara pelo Presidente que pôs o país de cócoras.
Se, mesmo estando no exercício de funções já ninguém dá a cara por ele, João Lourenço pode ter a certeza que o seu day after será uma “maravilha”…
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1 Comentários
Wa zuela vuelo! Nga banze kuma kidi kie
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