Em 1975, o cenário em Luanda era de caos e desespero. A FNLA, uma das principais forças de resistência, estava em processo de desmantelamento, enquanto o MPLA intensificava seus ataques. O clima era tenso, e a cidade se tornava um campo de batalha.
Eu, um soldado da FNLA fardado e armado, encontrava-me na entrada do porto de Luanda. O som ensurdecedor dos tiros ecoava na distância, enquanto os combates se intensificavam nos musseques. A situação era crítica; todos sabíamos que a sobrevivência dependia de decisões rápidas.
Nesse dia fatídico, um taxista branco se aproximou do portão. Com a adrenalina a mil, recebi a informação de que a FNLA estava sendo dizimada. O medo invadiu meu ser: o soldado do MPLA que estava ao meu lado poderia me eliminar a qualquer momento. A tensão pairava no ar, e o futuro parecia incerto.
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Decidi agir. Pedi ao taxista que me levasse até a delegação do MPLA na Vila Alice, um ato de deserção que poderia custar minha vida. O taxista hesitou, aterrorizado por me transportar, mas, diante da minha insistência, aceitou.
Assim que chegamos, a tensão aumentou. Os soldados do MPLA se prepararam para disparar ao perceberem um FNLA dentro do táxi. Levantei as mãos e gritei: "Camaradas, não disparem!" Arrastando minha metralhadora para o chão, saí do veículo.
Para minha surpresa, não fui agredido. Conhecia muitos dos soldados naquele cerco, e um deles, Songa, era o chefe da delegação. No interior, encontrei Nanda, irmã de Teta Lando, detida em uma cave. Ela tinha perdido o marido e, anos depois, casou-se com Holden Roberto.
Essa história, marcada por momentos de tensão e temor, reflete a complexidade da guerra. Apesar do horror que nos cercava, não fui maltratado. Em outra crônica, contarei mais sobre essa experiência e os desdobramentos que vieram a seguir.
Fernando Vumby
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