QUANDO A INDUMENTÁRIA VALE MAIS DO QUE A “ MASSA CINZENTA”



Está a circular nas redes sociais imagens do novo governador do Huambo e do administrador municipal do Bailundo, nas quais os dois governantes aparecem com a mesma cor do fato. Será que partilham os mesmos gostos ou o alfaiate?

Consta que a coincidência da indumentária registou-se no acto de recepção do governador Pereira Alfredo, que se deslocou em visita de trabalho ao Bailundo. 

Em função disso, o administrador viu-se “ forçado” a deslocar-se às pressas a casa onde foi trocar de fato para não se equiparar ao seu chefe, pelo menos em matéria de indumentária.



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As imagens tornaram-se virais e estão a suscitar os mais diversos comentários. Alguns internautas consideram nobre o acto do administrador e de respeito pelo seu superior hierárquico. Há mesmo quem atribua culpas ao protocolo, pedindo que o chefe desse departamento seja afastado pela “ infeliz” coincidência.

Considero esta discussão trivial, visto que estou mais preocupado com a gestão da coisa pública e a melhoria das condições de vida dos habitantes locais.  Ou seja, com o que os dois governantes podem fazer em prol daqueles “povos” sofridos, isto é, se vão promover uma gestão transparente e inclusiva.

Os fatos, para mim, não são mais importantes do que os problemas que afligem as populações do Planalto Central, sendo meros acessórios em matéria de atavio.  

Estive hoje a reflectir sobre uma conversa que travei há anos com um ex-ministro angolano sobre os sinais exteriores de riqueza dos nossos governantes e políticos.

A pessoa em causa, cuja identidade prefiro não revelar, confidenciou-me que alguns ministros angolanos tinham por hábito comparar a qualidade dos seus fatos, sapatos e relógios que usavam, sobretudo quando se deslocavam ao aeroporto “4 de Fevereiro” para a apresentação de cumprimentos de despedida ou recepção ao ex-

PR. 

Quanto mais caros fossem as indumentárias e os acessórios que exibiam, maior era o «arzito de superioridade» de uns em relação aos outros… 

O luxo e a exteriorização dos sinais exteriores estão, pelos vistos, na massa do sangue e no código genético dos nossos governantes. 

Logo a seguir ao fim de guerra de 2002, recordo-me que algumas delegações de governantes angolanos surpreenderem os altos funcionário do FMI, com os quais estavam a negociar, em Washington, os pacotes de financiamentos para a reconstrução nacional do nosso país. 

Os sinais de riqueza exterior não se ficavam pelos aviões de luxo em que se faziam transportar. O valor do fato, “pisos/sapatos”, relógio, mascotes de ouro de um governante angolano era superior ao valor de todos os fatos, sapatos e relógios dos seus interlocutores.

 Diante de tanta riqueza dos “pobres” pedintes angolanos, os “pulas” (brancos alheios) ficavam na dúvida se o dinheiro a arrecadar seria mesmo para ser usado em benefício do povo ou teria outros fins menos nobres…

De facto, estes hábitos e costumes dos nossos governantes envergonham-nos, sobretudo fora de portas, o que espelha uma certa arrogância e mania das grandezas.

Quando num país os governantes acham que devem ser valorizados/dignificados pelos sinais exteriores de riqueza, é caso para dizer que esse país já bateu ou está em vias de bater no fundo do poço.

(*) In MUDEI

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