O MPLA, Partido-Estado está atravessar uma das suas maiores crises internas e de aceitação popular comparada apenas a etapa final da guerra civil entre 1988-1991. O Presidente do MPLA e da República está isolado na luta contra a corrupção e enfrenta resistências na implementação da penalização da prática de corrupção e no combate ao nepotismo. O MPLA foi fundado a partir da fusão de vários movimentos de esquerda, uns maoistas, outros leninistas e alguns libertários.
Hoje o MPLA tem o grupo dos milionários, dos generais, da nova geração e o dos antigos combatentes. Em comum são todos endinheirados. Mas a forte crise económica e social que afecta todas as famílias angolanas, inclusive a classe média que nascera com o "boom" financeiro do pós-guerra, praticamente deixou de existir. É nesta conjuntura, que João Lourenço emerge como o reformador e exonerador implacável tentando resgatar o compromisso da máxima de Neto – o mais importante é resolver os problemas do povo. O povo acreditou, inclusive a oposição que desta vez Angola seguiria a sua marcha triunfal ao lado dos povos que seguem o mesmo caminho.
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O PR João Lourenço acredita como poucos que o seu executivo pode alcançar as sucessivas metas quinquenais dos Planos Nacionais de Desenvolvimento, cada vez mais distante de concretização. As forças internas de bloqueio, consubstanciadas em actos contínuos de corrupção, compadrio, sobrefacturação, amiguismo, familiarismo, tráfico de influência, excesso de trabalhadores nas repartições públicas, trabalhadores fantasmas torna quase que impossível o sucesso das medidas políticas sectoriais, tais como o PRODESI, a FADA, o KWENDA, o PIIM, entre outros programas ensaiados desde 2017.
A tentativa de chamar a si, por via da adjudicação directa, o controlo absoluto do Estado sobre a aplicação dos fundos de investimento público, não tem tido os resultados esperados, pois a teia de corrupção é endémica e se alastrou pelas províncias com os Governadores a usarem a adjudicação directa para favorecem grupos e empresários de sua confiança. Aliás, é disso exemplo, a primeira medida política que o governador(a) faz após nomeação é a substituição e cessação do contrato com a empresa que faz a recolha dos resíduos sólidos e urbanos da província.
João Lourenço e seu executivo está a dois anos e meio do fim do segundo mandato, as políticas públicas estão em fase de execução não há tempo para desenhar novos caminhos de mudança mas há seguramente tempo suficiente para apostar em novas dinâmicas no aparelho partidário, sobretudo, lá onde a UNITA está a ficar mais forte, nomeadamente, em Cabinda, Lunda Norte, Huambo, Cuanza Sul e Luanda. Assim, faz todo sentido trocar um dos quadros jovens em ascensão o Eng.º Pereira Alfredo do Bié para assegurar a prossecução dos vários planos aprovados em execução que a Tia “desconseguia” e travar o apoio popular a UNITA no planalto Central. O Bié está na rota certa quanto a execução das várias medidas políticas o que vai facilitar a vida da nova Governadora e reforçar a implantação das estruturas do MPLA no centro de Angola. A UNITA tem um enorme desafio pela frente. O impacto da electrificação da província e dos bairros do Cuíto e o alargamento do tapete asfáltico vai mudar a vida dos cuitenses.
O Cuanza Sul festejou a exoneração de Job Kapapinha, conhecido populista e agitador de massas, viu o seu consulado envolvido em teias de corrupção, nepotismo e despesismo sem resultados na vida da população local. Tal como a Tia do Huambo, vão atravessar o deserto por alguns anos. Quiosa, jovem dinâmica conseguiu em pouco tempo devolver aos cabindenses o orgulho de ser angolano e abraça o desafio de reabilitar a imagem do MPLA naquela província onde terminava o reino do Bailundo. E Cabinda volta e ter uma filha da terra para reconquistar o apoio perdido em 2022. Lunda Norte tem sido o palco de insurgências com iniciativas de movimentos separatistas que clamam por autodeterminação, regionalização e autarquias imediatas.
Neste contexto o presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, calmo e sereno, aposta na força da juventude e na determinação da mulher para maximizar novos apoios internos com o olhar no Congresso Extraordinário de onde vai seguramente sair reforçado e partir para o Congresso Ordinário de 2026 com acordos consolidados entre as várias facções e alas do MPLA rumo a vitória de 2027. A permeio, Jlo vai assistir da Cidade Alta, o Congresso Ordinário da UNITA-FPU contra a UNITA-Savimbi em 2025. Não me admira que as autarquias dependam do resultado da luta entre o galo branco e o galo negro.
José Samakaka
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