O tratamento deplorável que o empresário Luso-angolano, Álvaro Sobrinho (AS), está a receber da justiça portuguesa não deve ser encarado de forma leviana e eivado de paixões ou ódio.
O assunto continua a fervilhar nas redes sociais e está a dividir opiniões. Algumas pessoas defendem que AS deve ser, simplesmente, ignorado pelas autoridades angolanas, por ser simultaneamente cidadão português. A mesma corrente, é de opinião que não se deve prestar apoio diplomático ao Ex-presidente do BES Angola pelo facto de não ter sido feito o mesmo exercício à empresária Isabel dos Santos (IS), no caso da EFACEC; enquanto outros entendem, piamente, que o empresário está a ser vítima de uma cabala, montada para encurralá-lo, ao ponto de perder o seu património no território português.
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É importante analisar o seguinte. Álvaro Sobrinho está a ser acusado de cometer crimes, entre 2009 e 2013, enquanto gestor do BES, tendo sempre colaborado com a justiça, ainda assim, foi lhe retirado o passaporte angolano.
Enquanto isso, a engenheira IS é acusada de 12 crimes em Angola relacionados com a sua gestão na Sonangol, e nunca se mostrou disponível à colaborar com a justiça angolana. "Peculato, burla qualificada, abuso de poder e associação criminosa são alguns dos crimes apontados à empresária angolana no processo que envolve a gestão da petrolífera estatal Sonangol", lê-se nos vários documentos tornado público pela PGR.
Analisando os dois casos, conclui-se facilmente que, não se trata de estarmos diante de "marimbondo bom e o marimbondo mau", por serem aspectos, diametralmente, distintos. Muito menos significa que IS não mereça um julgamento justo, despido de qualquer "perseguição política".
Melhor dito, nesse momento, os angolanos não devem julgar o mérito da causa, mas sim, o facto de um cidadão angolano estar a clamar por intervenção do Estado, tendo em conta que a justiça portuguesa apreendeu o passaporte angolano, um documento que pertence exclusiva e legalmente ao Estado angolano.
É necessário, lembrar que não há cidadão de primeira ou de segunda. Qualquer cidadão, dentro ou fora do país, merece de um "julgamento" justo, independentemente do crime que terá cometido.
Não havendo matéria de crime, após 13 anos de investigação, o governo angolano não deve permitir ser espezinhado pela justiça portuguesa. A luz dos vários acordos diplomáticos existentes, entre os dois países, é fundamental que o Estado angolano saia em defesa do cidadão Álvaro Sobrinho que está a ser humilhado pelo sistema judicial português.
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