ESSA GENTE ENVERGONHA-NOS- GRAÇA CAMPOS

 


Através da Nota Verbal nº218/24, as embaixadas africanas representadas em Portugal foram informadas que Angola não participaria da cerimónia comemorativa do Dia de África, que se realizaria no dia 29 de Maio numa unidade hoteleira lisboeta, por causa da presença de uma cidadã angolana.

A razão invocada para a inusitada atitude é a presença da nossa compatriota Luzia Moniz, socióloga e jornalista, cujo crime, segundo a nota verbal, são artigos públicos em que supostamente ela “faz activismo contra a mais Alta Magistratura e Governo da República de Angola, legitimamente eleito”.


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De acordo com a nota verbal, a ausência da representação angolana do acto comemorativo do Dia de África foi orientada pela Capital, uma estranha maneira da embaixada referir-se ao Ministério das Relações Exteriores.

Luzia Moniz procede à abertura da solenidade comemorativa do Dia de África desde 2017, antes do actual Chefe de Estado assumir o trono.

 Ao furtar-se a participar da cerimónia do dia 29 de Maio, por causa da presença de uma cidadã do seu próprio país, a embaixada de Angola confirmou a sua inferioridade perante a jornalista e socióloga Luzia Moniz.

A nota verbal da embaixada é, a um só tempo, prova de que o regime angolano começa a exportar a sua atávica intolerância à liberdade de imprensa e de expressão e testemunho de que Luzia Moniz está num pedestal elevadíssimo.  

Pela nota e razões elencadas fica claro que a importância da jornalista e socióloga angolano é infinitamente superior à da embaixada.

Por mérito próprio, doravante Luzia Moniz deveria exigir da embaixadora de Angola em Portugal e restantes funcionários da embaixada a mesma reverência com que tratam o João Lourenço.

Embora não esteja expresso na mal escrita nota, subentende-se que doravante Luzia Moniz passa a integrar o extenso rol de angolanos sobre cujas costas o regime coloca o crime de ultraje ao Presidente da República.

Também fica implícito que a continuidade do Novo Jornal, em que Luzia Moniz é acusada de fazer “activismo contra a mais Alta Magistratura e Governo da República de Angola, legitimamente eleito”, em “artigos que são públicos”, também está seriamente comprometida. 

Na sua cega e irracional cruzada contra as liberdades de imprensa e de expressão, o regime tem por hábito desqualificar a mensagem e castigar o mensageiro. 

Essa gente envergonha-nos!

Representantes de países como Cabo Verde e Botswana, por exemplo, os dois países africanos melhores classificados no ranking da liberdade de imprensa, por certo que tomaram a nota verbal da embaixada de Angola como expressão de um país que ficou lá atrás, na Idade da Pedra.

Na sua recente passagem por Lisboa, para os 50 anos da Revolução de Abril, João Lourenço e esposa promoveram uma faustuosa festa que teria, supostamente, o propósito de aproximá-los aos angolanos que se estabeleceram em Portugal pelas mais diversas razões.

A nota verbal da embaixada desmente em absoluto com os propósitos da festança que engoliu milhões de dólares.

Na foto a embaixadora Maria de Jesus dos Reis Ferreira, a quem a “Capital” orientou para boicotar o acto comemorativo do Dia de África.


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