A embaixadora de Angola em Lisboa, Maria de Jesus dos Reis Ferreira, está a enfrentar críticas por ter contratado a sua nora portuguesa, de 38 anos, para trabalhar como secretária no seu gabinete nesta missão diplomática. A referida nomeação está a ser vista como contrária às promessas eleitorais do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, de combater o compadrio e o amiguismo que historicamente caracterizam o regime do MPLA.
Nascida aos 8 de Fevereiro de 1988, em Vila Real, ao norte de Portugal, Tânia Patrícia dos Santos Gonçalves de Carvalho, a nora portuguesa, tem irritado os quadros da embaixada por ganhar o salário-base de 3.600 euros, mais alguns subsídios que a levam a ter cerca de 5.000 euros no final do mês. A mesma tem direito ao parque de estacionamento da embaixada reservado ao corpo diplomático, enquanto que os restantes funcionários estacionam numa garagem localizada na Avenida de Berna.
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Para além de secretária, a embaixadora colocou igualmente a sua nora na dupla função de "governanta", uma ocupação descrita como fictícia, que o habilita a ter um segundo subsidio. Antes de ser nomeada, a nora portuguesa vivia na cidade do Porto. Porém, ao transferir-se para Lisboa como nova funcionária junto ao gabinete da sogra, passou a viver numa residência arrendada no Restelo, pela embaixadora. Mesmo assim, a nora portuguesa recebe um subsídio de residência. Desde que foi nomeada embaixadora em Lisboa, Maria de Jesus Ferreira já mudou de casa três vezes e agora reside em um local onde, segundo fontes, o aluguel não é inferior a 10.000 euros.
No dia 15 de setembro de 2020, Tania Patrícia dos Santos Gonçalves obteve a nacionalidade angolana por meio do casamento, conforme estipulado pelo Despacho n.º 180/21 de 12 de janeiro do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. A rapidez com que adquiriu a nacionalidade levantou suspeitas sobre o cumprimento adequado dos procedimentos necessários, conforme denúncias feitas. Na época, a autorização foi concedida pelo então ministro Francisco Manuel Monteiro de Queiroz.
Diplomata de carreira, a embaixadora e sogra Maria de Jesus dos Reis Ferreira é brigadeiro na reserva das Forças Armadas Angolanas, tendo, na década de 1980, trabalhado no Ministério da Defesa, onde colaborou com o então coronel João Manuel Gonçalves Lourenço, tornando-se desde então ligada ao agora casal presidencial.
De acordo com pareceres colhidos pelo Club-K, a apesar de João Lourenço, ter prometido combater o "compadrio e o amiguismo" no regime, a nomeação de Tânia Patrícia de Carvalho como secretária pessoal da sua sogra e embaixadora Maria de Jesus dos Reis Ferreira não necessariamente fere uma lei específica em Angola, desde que não haja conflito de interesses direto ou violação de normas éticas ou administrativas estabelecidas para o serviço público.
No entanto, a prática, segundo a mesma fonte, pode ser questionada à luz dos princípios de transparência, imparcialidade e mérito que devem reger nomeações e contratações no sector público. Em alguns contextos, a nomeação de familiares pode ser vista como nepotismo, especialmente se não houver critérios claros de seleção ou se houver benefícios pessoais ou familiares envolvidos.
"Portanto, é importante considerar não apenas a conformidade legal estrita, mas também os princípios de governança e ética que devem ser observados em nomeações no setor público", rematou a fonte.
Club-K
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