A embaixadora angolana em Lisboa, Maria de Jesus dos Reis Ferreira, foi esta semana apresentar cumprimentos de pesar aos familiares do professor emérito e antigo Primeiro Ministro de Angola, Fernando José de França Dias Van-Dúnem, falecido no passado dia 12 de Junho na capital portuguesa, onde se encontrava a receber tratamento médico.
Chegada ao local do óbito em Lisboa, a embaixadora Maria de Jesus Ferreira destacou-se por ter cumprimentado todos que encontrou, exceção feita à jornalista e socióloga Luiza Moniz, a quem ela acusa, em nota verbal datada de 27 de maio, de praticar “ativismo contra a mais alta magistratura e governo da República de Angola, legitimamente eleito, cujos artigos são públicos”.
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É importante recordar que no velório estiveram presentes altas personalidades ligadas ao governo de José Eduardo dos Santos, que se mudaram para a capital portuguesa desde que João Lourenço iniciou uma purga contra os alegados “Marimbondos” do regime. As personalidades que estiveram ao velório são: Albina Assis, França Ndalu, Aldemiro Vaz Conceicao e Carlos Sumbula, todos eles residentes temporariamente em Lisboa.
Diplomata de carreira, Maria de Jesus dos Reis Ferreira é brigadeiro na reserva das Forças Armadas Angolanas, tendo, na década de 1980, trabalhado no Ministério da Defesa, onde colaborou com o então coronel João Manuel Gonçalves Lourenço, tornando-se desde então ligada ao agora casal presidencial.
Pela ligação direta que tem com João Lourenço, a embaixadora Maria de Jesus dos Reis Ferreira sente-se ofendida com os artigos da jornalista Luzia Moniz publicados no semanário Novo Jornal, nos quais a autora apresenta propostas e conselhos para João Lourenço e outros líderes africanos. Interpretando os artigos como “ativismo contra João Lourenço”, recentemente a embaixadora referiu-se à jornalista como “luso-angolana” e anunciou que não participaria nas cerimônias do Dia de África em Portugal, se os promotores convidassem também Luzia Moniz. Alegou serem orientações da “capital” Luanda.
O corpo diplomático africano de língua portuguesa realiza anualmente eventos de celebração ao Dia do Continente Africano, assinalado em 25 de maio, e convida Luzia Moniz, fundadora da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana, uma organização para a promoção e desenvolvimento da mulher na diáspora africana. Para este ano, não estava prevista a presença de Luzia Moniz, visto que ela se encontra em convalescença de uma operação ocular e, por recomendação médica, não pode ficar exposta à luz.
De forma preventiva e suspeitando que Luzia Moniz pudesse estar entre os convidados deste ano, a embaixadora Maria de Jesus dos Reis Ferreira antecipou o envio de uma nota verbal aos promotores alertando que não iria participar caso o nome da socióloga fizesse parte da lista de convidados. Considerou que estava em causa “a violação do princípio de promoção de unidade, solidariedade e coesão entre os estados” e, “por orientação da capital (Luanda)”, decidiu não participar na cerimônia oficial de celebração do Dia de África, realizada em Lisboa em 29 de maio.
“Com este documento, a capital torna oficial e internacionaliza o ataque à minha liberdade, nomeadamente de pensamento, opinião e expressão, e tenta proibir ou condicionar as relações de amizade e parceria pan-africanista que mantenho com diversos países africanos”, escreveu Luzia Moniz na sua coluna semanal no Novo Jornal. Luzia Moniz apresentará em Lisboa, no próximo dia 28 de Junho, o livro “Liberta-te Presidente”, prefaciado pela antiga primeira dama de Moçambique Graça Machel.
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