PÉS E CABEÇA NO AR- GRAÇA CAMPOS

 


Membro permanente do “exército” de homens e mulheres que acompanha o viajante compulsivo na volta ao mundo (já só falta a Oceânia), que se propôs completar antes de ceder a cadeira a outro ocupante, em 2027, a ministra da Saúde perdeu, há muito, a noção da realidade.

Como o timoneiro da desgovernada nau, Sílvia Lutucuta também foi tomada pelo “daltonismo”, que a ciência descreve como uma perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores.

É por isso que o “nº. 1” vê fome relativa ali onde a maioria dos angolanos e a comunidade internacional veem fome severa e as suas correspondentes consequências, geralmente trágicas. 


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Um dos requisitos estabelecidos pelo Ministério dá Saúde para o concurso que visa a admissão de 5.511 profissionais é o “original e cópia da declaração de reconhecimento dos estudos feitos no exterior do país”. Em Angola, tal reconhecimento é feito pelo Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior (INAARESS).

O comunicado da Direcção Nacional de Recursos Humanos do Ministério da Saúde fixa o prazo de 11 dias (13 a 24 de Maio) para os interessados entregarem a papelada necessária.

Ora, se a ministra da Saúde passasse mais tempo em terra e não no ar saberia, por certo, que em 11 dias o INAARESS não certifica diploma algum. Centenas de angolanos aguardam há anos pelo reconhecimento dos seus diplomas.

Se “conhecesse” Angola, Sílvia Lutucuta saberia que o INAARESS disputa com o Registo de Propriedade Automóvel o título de campeão do suborno.

Nessas duas instituições públicas, documento pronto em tempo útil só mediante suborno. 

Em suma, a exigência de apresentação do “original e cópia da declaração de reconhecimento dos estudos feitos no exterior do país”, tarefa que incumbe ao INAARESS é mais de meio caminho andado para deixar de fora muitos interessados.

E, já agora, o “requerimento na folha de 25 linhas”, outro requisito exigido, já não está fora da moda? 

Para conhecer o país, a ministra da Saúde tem de abrir mão de muitas viagens.

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