O general João de Baptista de Matos nasceu no Uige, aos 30 de Maio de 1955, João de Matos foi chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) de 1992 a 2001. Faleceu no dia 4 de Novembro de 2017, em Espanha, por doença.
No decurso dos terríveis anos de guerra, em todas as frentes desta Angola imensa e sofrida, conheci um bom punhado de gloriosos soldados e de oficiais destemidos.
Cheguei a testemunhar muitas das suas incríveis façanhas, tendo, alguns deles, feito parte do leque de protagonistas que povoaram as reportagens que eu ia enviando a partir dos teatros militares.
De facto, convivi com muitos militares, mas poucos deles conseguiram aglutinar, simultaneamente na sua pessoa, a têmpera guerreira dos audazes soldados das trincheiras e o “feeling” dos mais refinados diplomatas. João de Matos destacava-se por possuir uma visão geo-estratégica aguçada, muito facilitada pela sua peculiar e surpreendente lucidez política.
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Lembro-me, de ter escrito certa vez que, se algum dia tivesse de recordar algo acerca do general João Baptista de Matos, seria, inevitavelmente, o seu irrepreensível sentido patriótico e de missão. E essa premonição, que deveria concretizar-se num cenário de glória, infelizmente veio a dar-se com o seu inesperado passamento físico, o que lamento profundamente.
Enquanto jornalista, com o então CEMG das Forças Armadas Angolanas, criamos laços que foram sempre agradáveis e cordiais. Era um vínculo baseado num incontornável respeito mútuo e de outra forma não poderia ser.
O ambiente de rígida disciplina vigente no “staff” do comandante, propiciava um tipo de relacionamento sem ambiguidades, ao qual eu me integrava naturalmente, sem nunca perder de vista que esses contactos estavam condicionados pela situação de guerra então vigente no país e pelas características do trabalho que cada um de nós desempenhava.
Havia muito respeito entre nós! Nunca houve constrangimentos nos momentos em que eram decretadas as inevitáveis restrições pelos serviços de segurança do EMG. Sempre mantive a minha confiança no general. Eu estava certo que dessa gestão, de certa forma complexa, dependeria o êxito do meu trabalho como jornalista e simultaneamente, tinha a oportunidade de desfrutar da prazenteira amizade com um ser humano verdadeiramente excepcional.
Hoje, quando passam os anos sem o termos fisicamente no nosso seio, vamos nos apercebendo, então, da sua estatura de gigante, não apenas como condutor de milhares de soldados prontos a matar e a morrer nas frentes de combate, mas, sobretudo, como um condutor de homens, que cultivava no exemplo de servir a pátria, a melhor escola da vida.
Conta-se que um grande chefe índio dizia aos seus bravos, que, para se ser um verdadeiro guerreiro não é necessário vencer todas as guerras que surjam, mas sim, o importante é nunca fugir de uma batalha.
Como escreveu o poeta americano Archibald McLeish, uma vez que as guerras nascem no espírito dos homens, é no espírito dos homens que se devem erguer as defesas da paz. E tu eras o verdadeiro baluarte da Paz que hoje desfrutamos, com as bençãos de Deus.
No momento crucial em que a Pátria se reconcilia e se reencontra com a sua História, o nosso general “Mau Mau” tem um lugar cativo na galeria dos que contribuíram decisivamente para o alcance da paz duradoura e definitiva.
Estou absolutamente certo que os angolanos de Bem conhecem os teus feitos heróicos, general João Baptista de Matos, e te respeitarão para todo o sempre!
Passe o tempo que passar, jamais será esquecido!
Catumbela, 30 de maio de 2024
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