BEGIN: O GENERAL TODO-O-TERRENO

 


Não cheguei a conhecer o seu verdadeiro nome nem sei se Begin é nome de família ou de guerra. É que, na guerra, os guerrilheiros, salvo raríssimas excepções, adoptavam sempre outros nomes. – os famosos nomes de guerra. Não sei se foi também o caso do General Begin, a quem eu chamo de o General Todo-o-Terreno.

O General Begin, de feliz memória, foi dos Generais com muita influência perante o Dr. Savimbi. A sua palavra era tida em conta e levada a sério. Tudo, ou, quase tudo, que se referisse à segurança do Alto-Comandante era tratado por ele. Foi ou melhor deve ter sido o único Oficial Superior das FALA, ligado à presidência, que nunca foi encostado ou afastado das funções, nem sofreu despromoções de patente militar e nunca apanhou vikandambalas. Esta é a verdade! -  Ninguém, algum dia, nos disse o contrário. Porque, se lhe tivesse acontecido alguma coisa, de certeza absoluta, os rumores correriam entre o pessoal. Nada disto aconteceu. Ele foi sempre um soldado disciplinado e organizado. E por ter sido um comandante eficiente, criativo e dinâmico, muitos jovens sonhavam em trabalhar com ele.  Os que tiveram o privilégio de com ele labutar, sentiam-se orgulhosos e gabavam-se. O mano Jorge Chimbili, nos tempos da Jamba, gostava de dizer: o meu chefe directo é o General Begin. Mesmo o meu amigo Lino Uliengue disse-me que trabalhou com o General Todo-o-Terreno na gestão das eleições-gerais durante a campanha eleitoral de 1992; na altura, ele havia montado o seu gabinete em uma Quinta nos arredores de Viana, em Luanda. Infelizmente, eu não tive o privilégio de conviver com ele, mas sabia que ele era muito respeitado pelos colegas e admirado pelos soldados.



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Apesar do vasto poder que tinha, era discreto, mas muito presente; parecia invisível, mas era um homem de muita altura, que passava dos dois metros; General de poucas palavras, mas de grandes acções e fiel ao seu General de Exército e Alto-Comandante. Foi o General Begin e o embaixador Vindes, na altura chefe dos serviços secretos, encarregues de localizar uma área que se tornou na Capital das Terras Livres de Angola. O General Todo-o-Terreno também coordenou a construção de todas imponentes obras, como: a do Pavilhão VI Congresso (Projectado pelo Coronel Kungo Fernandes); e do Aeroporto Internacional da Jamba; todas elas conduzidas pelo grande mestre-de-obras, o Coronel Moisés Chivemba, amigo do meu pai, Bernardo Prata.

O kota Kassanje, ex-director do gabinete da Cooperação internacional, no tempo da tia Florence Samakuva, contou-me que, tudo que precisassem, incluindo a autorização para caça, com certas visitas estrangeiras, era ele que baixava as ordens e indicava o local onde se podia fazer a caça.


Pessoalmente, ouvi falar dele, pela primeira vez, no Delta, em 1980. Na altura, o digníssimo General Todo-o-Terreno tinha a fama de ter muita pontaria. Até diziam que, com um disparo de G3, ele era capaz de acender um Cigarro que estivesse na boca de alguém, a uma certa distância. Talvez, o pessoal quisessem, apenas, elogiar a sua eficácia, como um grande atirador.


Para terminar, vão concordar comigo, os que o conheceram, se disser: o General Begin foi um General de se lhe bater a Pala!  


Voltarei...


Luanda, 29 de Maio de 2022

Gerson Prata

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