1. Se a opinião pública não tivesse reagido com repulsa à compra de 600 autocarros ao custo unitário de 541.000,00, o Ministério dos Transportes teria dado as atabalhoadas explicações complementares?
2. Atormentado por taxas de desemprego que não param de crescer, como é que o Presidente da República não comemorou o facto do financiamento para a compra de 600 autocarros comportar, como diz o comunicado do Ministério dos Transportes, também, a construção de uma fábrica de montagem que “vai criar mais de 2.000 empregos directos, estimular o empreendedorismo e promover oportunidades de desenvolvimento profissional, através da transferência de tecnologia e de conhecimento para Angola, sendo que os cidadãos nacionais beneficiarão neste projecto de formação técnica avançada no ramo da engenharia automóvel, manufactura, gestão da qualidade, e inteligência artificial”?
3. Quando é que a fábrica começará a ser montada?
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4. Presumivelmente preparado pelo Ministério dos Transportes, o Despacho Presidencial n. 111/24 não só ignora a construção de uma fábrica de montagem de autocarros como não faz qualquer alusão à perspectiva de exportação de veículos para países vizinhos. Esses elementos são irrelevantes?
5. Num país muito carente de quase tudo, como foi possível que ao Presidente da República tivesse escapado o detalhe de que a exportação, para países vizinhos, de autocarros montados no Bengo contribuirá “acentuadamente para a arrecadação de divisas e para a diversificação da economia”?
6. Somados todos os custos (transporte para Angola, seguro de transportes, responsabilidades fiscais aduaneiras, o fornecimento de equipamentos para a manutenção preventiva e a assistência técnica aos veículos), qual é o preço unitário dos 600 autocarros?
7. Feita pelo Ministério de Ricardo D’ Abreu, qual é a garantia de que a fábrica de montagem de autocarros do Bengo não terá a mesma sorte que teve o Metro de Superfície de Luanda, que nunca saiu do papel, não obstante o anúncio, feito pelo próprio ministro em 2021, de acordo com o qual a sua construção iniciaria no ano seguinte e que a multinacional alemã Siemens asseguraria o essencial do dinheiro necessário?
8. O Tribunal de Contas foi tido e achado nessa operação que tem o selo e carimbo de Ricardo D´Abreu, um ministro que não esconde o seu apreço por muitos 00 à direita?
9. Por quê será que o ministro dos Transportes toma a generalidade dos angolanos como mentecaptos?
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