Em Viana: Gestor do “Parque da MONUA” acusa Zona Económica Especial de querer se apoderar do espaço



Mais de trezentos trabalhadores, que prestam serviços no terminal interprovincial da “MONUA”, no distrito urbano da Baia, no município de Viana, em Luanda, foram obrigados a abandonar o local, alegadamente a mando da Zona Económica Especial (ZEE), sem aviso prévio.


O parque conta com mais de trezentos colaboradores, que lamentam terem sido surpreendidos na manhã de quinta-feira, 18, com um forte aparato de efectivos da Polícia Nacional armados e agentes da fiscalização de Viana.

Entretanto, o coordenador do referido terminal de passageiros e cargas, Leandro da Silva, disse que o espaço de aproximadamente 13 hectares pertence ao seu pai, já falecido, e que o mesmo foi adquirido em 1999, na altura ainda no calor do conflito armado.



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“Nos últimos dias, temos vindo a receber alguma pressão da Zona Económica Especial, de modo a nos retirarmos do espaço, que alega ser o legítimo proprietário”.


Leandro revela que já fez prova documental que atesta a titularidade do espaço privado, "ainda assim insistem na ideia que os pertence".

Segundo Leandro da Silva, “a ZEE alega que estendeu seu perímetro, assim passa a ocupar nosso terreno, numa altura que nunca fomos informados sobre a ampliação territorial, sendo assim, afirmam que a MONUA é parte da Zona Económica, pelo que deve mudar de natureza de negócio, entrando para sector industrial, ao invés de transportação”, frisou.

O responsável lembrou que o parque da “MONUA” foi construído dez anos antes da existência da Zona Económica Especial (ZEE), tendo sublinhado que “não se fez um trabalho prévio a nível urbanístico para se identificar quais os negócios feitos no referido espaço para serem salvaguardados".

“Quando começamos com a actividade de transporte, o país ainda vivia o conflito armado, já enfrentamos enormes desafios”, assinala, para quem estão todos a trabalhar para o desenvolvimento do país.

Enquanto isso, o advogado da Express MONUA, Osvaldo Salupula, caracteriza o acto como tentativa de usurpação de um espaço privado, tendo em conta que a aquisição já decorre desde 1999.


"De forma muito estranha a Zona Económica Especial, usando da prerrogativa que tem da força pública que tem, movimentou aparato policial, em consonância provavelmente com o Comandante de Viana”, disse.

O causídico esclarece que “a terra é propriedade originária do Estado em nome e representação das comunidades”, avançando que “o Estado enquanto Estado não é proprietário da terra, apenas as pessoas que compõe o Estado é que delimitam o acesso à terra”.

Para Osvaldo Salupula, em Angola existe uma lei de Regime Geral de Concessão de Terra, afirmando que o seu constituinte obedeceu a lei para aquisição da terra.

Sobre possível tentativa de expropriação por utilidade pública, o jurista afasta a hipótese, tendo em conta que esta modalidade jurídica tem critérios próprios. “A ZEE apesar de conhecer os critérios, decidiu romper, para dizer que estamos em sede de um esbulho”.

Recorda-se que a Missão de Observação das Nações Unidas em Angola (MONUA) foi criada pela Resolução 1118 do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 30 de Junho de 1997.

O parque em causa, a quando da guerra civil servia de ponto de transportação de refugiados, acolhidos pela Missão de Observação das Nações Unidas em Angola, que foi assim apelidado de “Parque da MONUA”.

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