Portugueses querem comprar hotéis de Carlos São Vicente



O governo angolano, liderado pelo Presidente João Lourenço, procura cativar investidores a comprarem os 39 hotéis que o Estado colocou à venda no âmbito do Programa de Privatizações 2023-2026 (Propriv) que tem a correr. 

Em causa estão as unidades hoteleiras das redes IU, IKA e BINA que estão em funcionamento em várias zonas do país e estavam afetas à maior seguradora de Angola, o grupo AAA, do empresário luso-angolano Carlos São Vicente. Ao ECO, a construtora Teixeira Duarte diz que “as equipas têm conhecimento” dos ativos que estão no mercado e que “estão a analisar”, mas sem “interesse efetivo nos imóveis”.

A Teixeira Duarte está presente em Angola desde 1951, contando atualmente com operações nos setores da distribuição, automóvel, construção e hotelaria, onde gere quatro hotéis — Alvalade, Baía, HCTA e Trópico –, todos em Luanda, sendo a empresa portuguesa com o maior número de unidades hoteleiras naquele país. Também o grupo Pestana — o maior hoteleiro nacional — diz que “está atento a potenciais investimentos, alinhado com a sua estratégia de expansão”, mas o ECO sabe que não tem interesse em investir nos 39 imóveis.


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O grupo liderado por Dionísio Pestana não conta com qualquer empreendimento em Angola, apesar de há cerca de dez anos ter procurado realizar um investimento de cerca de 217 milhões de euros na construção do Pestana Luanda Bay, que continua por ver a luz do dia. 

Os hotéis chegaram ao mercado no início de janeiro depois de o Presidente angolano, João Lourenço, ter autorizado um aditamento ao programa de privatizações 2023-2026 onde se adicionam os 39 hotéis em funcionamento em 18 províncias angolanas, para serem vendidos mediante um concurso público, segundo um decreto presidencial.

A ministra das Finanças será agora a responsável por verificar e validar os atos necessários, bem como constituir uma comissão de negociação que será integrada por representantes dos departamentos ministeriais responsáveis pelos setores de atividades e rege-se pela lei de base das privatizações, ainda de acordo com o despacho presidencial. 

Os edifícios passaram para a esfera do Estado angolano após terem sido apreendidos pelo Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da Procuradoria-Geral da República, depois das suspeitas de desvio das verbas públicas por parte de Carlos São Vicente, refere o Novo Jornal. 

O empresário, que é genro do antigo Presidente Agostinho Neto, foi condenado em março de 2022 a nove anos de prisão efetiva pelo Tribunal da Comarca de Luanda e ao pagamento de uma indemnização de 500 milhões de dólares (cerca de 456,7 milhões de euros ao câmbio atual). 

O ex-dono da seguradora AAA foi considerado culpado de crimes de peculato, branqueamento de capital e fraude fiscal, através de um suposto desvio de 900 milhões de dólares da Sonangol (cerca de 822 milhões de euros ao câmbio atual).


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