TAAG fecha rota Luanda-Madrid com buraco financeiro estimado em 16 milhões USD



A transportadora aérea nacional cancela este fim-de-semana os voos para Madrid, rota inaugurada a 27 de Junho de 2022 com muita pompa, mas que se revelou "um caso de gestão desastrosa, danosa e caprichosa", refere ao Expansão Pedro Castro, director da SkyExpert. 

Tendo como base um prejuízo de 100 mil USD por voo, estimado pelo especialista em aviação comercial, os custos de manter esta ligação durante um ano e meio, com dois voos por semana, podem ascender a 16 milhões USD. O último voo com destino a Madrid sai de Luanda, no sábado, dia 13, e regressa no domingo, como se lê no site da AeroRoutes, plataforma que disponibiliza informações sobre voos de companhias aéreas em todo o mundo. 

A nota publicada segunda-feira, dia 8, sofreu uma actualização às 04h00 da madrugada de quinta-feira, dia 11 (horas depois de o Expansão contactar a companhia aérea), a dar conta que os voos serão retomados em Maio. "A TAAG descontinua esta semana o serviço Luanda - Madrid, onde a transportadora opera actualmente 2 voos semanais com aeronaves 777-300ER. 



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O último voo de Luanda está agendado para 13JAN24, Madrid para 14JAN24. As reservas com número de voo com código IB da Iberia também não estão mais disponíveis", informa a AeroRoutes. Esta quinta-feira, dia 11, às 04h00 GMT, após o Expansão ter entrado em contacto com o gabinete de comunicação da TAAG para obter informações adicionais sobre o encerramento da rota, a AeroRouters faz uma "actualização" lacónica, a informar que a "TAAG retomará o serviço Madrid a partir de meados de maio de 2024". 

Segundo Pedro Castro, que um dia depois da inauguração da rota alertou para o risco financeiro numa análise publicada na revista Economia e Mercados, é difícil dizer quanto é que a TAAG perdeu com esta ligação, porque a generalidade das companhias aéreas "não divulga dados financeiros concretos sobre rotas específicas". No entanto, os cálculos são fáceis de fazer.

"Rotas com estas características podem facilmente perder 100 mil USD por voo, mas no caso da TAAG pode ser acima desse valor", tendo em conta as características da ligação. A rota Luanda-Madrid "é um voo de longo curso, com 16 horas de voo ida e volta e 17 horas com o avião parado em Madrid, a pagar taxas de estacionamento elevadas", explica o director da SkyExpert. Além disso, o voo tinha "uma tarifa muito baixa", com a "esmagadora maioria dos passageiros a continuarem para São Paulo ou África do Sul a preços de saldo, mesmo em época alta". 

"Financeiramente, essa tarifa, já por si muito baixa, é então distribuída pelos dois ou três segmentos voados, e é provável que a tarifa média do Luanda-Madrid assim obtida esteja ao nível de um voo doméstico, mas com custos operacionais muito maiores", explica o consultor, acrescentando que esta rota "canibalizava" o mercado natural mais lucrativo da TAAG, onde era líder de mercado: Portugal-Angola.

"Para ter mais passageiros sentados no voo Madrid-Luanda e dar a ilusão de estarem a ter "sucesso", a TAAG pagava tarifas fixas altas pelos voos de encaminhamento da Iberia até Madrid, com Porto e Lisboa à cabeça dessas ligações. Ou seja, desviava passageiros do seu mercado natural, cobrando um preço mais baixo para um voo com custos operacionais mais altos. É óbvio que esta conta só subtrai", evidencia Pedro Castro ao Expansão. 

O director da SkyExpert acrescenta mais um ingrediente a esta receita desastrosa: "O leasing de um dos aviões da Hi Fly poderia ter sido evitado ou muito reduzido se o avião utilizado para Madrid tivesse sido mantido na rota de Lisboa e só com isso teria já gerado uma enorme poupança para a companhia".

Expansão 

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