Saída de Angola na OPEP agrada aos EUA mas ameaça financiamentos sauditas



Angola pôs fim a 16 anos no seio dos produtores de petróleo num período em que se aproximou dos Estados Unidos da América, um crónico contestatário da existência do cartel liderado de facto pela Arábia Saudita, arriscando-se a abrir um irritante com aquele país do Médio Oriente que no ano passado emprestou ao País 110 milhões USD para a construção de um parque industrial no município da Catumbela, na província de Benguela.

As relações com a Arábia Saudita nunca estiveram tão próximas como em Agosto do ano passado, quando um representante do Rei daquele país se deslocou a Angola e anunciou a abertura de uma representação diplomática que, entretanto, ainda não aconteceu.

Para os especialistas, o fechar da portas da OPEP a 1 de Janeiro, numa altura em que o cartel procura a todo o custo cortar a produção para influenciar os preços, pode ter um custo elevado numa altura em que Angola procura formas de financiar o OGE e investimentos públicos. "Se olharmos para a situação do País, que financeiramente é má, e como todos sabemos tem um OGE que mais de metade é financiado, e se olharmos para quem está a investir no país nos últimos tempos, vemos que começaram a fluir investimentos dos países do Médio Oriente" diz José Oliveira, colaborador do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola.


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E acrescenta: "O mais recente é o financiamento da Arábia Saudita em condições até bastante vantajosas para Angola. Não estaremos a pôr em cheque futuros financiamentos dos países do Golfo? Eu penso que sim. Esperemos que não". Quanto às justificações do Governo para a saída do cartel de produtores de petróleo, que apontou ao facto de a OPEP querer cortar a quota de produção nacional para 1,110 milhões de barris por dia (menos 70 mil do que o País pretendia), são muitas as vozes a levantar dúvidas sobre a veracidade desse argumento. Isto porque os 1,180 milhões de barris/dia que Angola exigia estão acima dos 1,060 milhões que inscreveu no OGE e a história mostra que o País não cumpre pelo menos desde 2013 as metas de produção inscritas nos orçamentos.

Para Oliveira, olhando para o comunicado da secretaria da Presidência da República, fica claro que o País admite poder aumentar a produção. "Acho isso muito optimismo, mas o País admite isso e não está disposto a fazer cortes e não quer participar em cortes de produção. Se Angola ao fim destes anos de estar na OPEP não aceita um dos princípios fundamentais do funcionamento do cartel para equilíbrio do mercado, eu acho que é correcta a posição, sai", diz Oliveira, que concorda por um lado com a saída e discorda por outro já que esta saída pode comprometer eventuais investimentos e financiamentos sauditas no País. Há várias teorias para o fechar de portas à OPEP. E uma delas é da "mão americana" no processo. Várias são as vozes que levantaram a hipótese de Angola ter saído para estar mais perto dos EUA, que tenta destruir a OPEP, apontando a um suposto acordo entre os presidentes Biden e Lourenço, que estiveram reunidos no final de 2023 na Casa Branca, numa iniciativa que visou mostrar uma nova era na relação dos dois países numa altura em que os norte-americanos procuram ganhar espaço em África e atenuar o peso da China no continente.

Para o especialista Flávio Inocêncio, apesar de ninguém no Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás confirmar esta teoria, ela tem lógica.

Ainda assim, o também professor de direito de petróleo e gás que já trabalhou na OPEP defende que o ministro Diamantino de Azevedo fez bem em propor a saída de Angola da OPEP. "Nunca tivemos grande peso na organização. E a verdade é que a voz de Angola não estava a ser ouvida na negociação de quotas", defende.

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