Onde viver e morrer? Ainda em memória do grande Ruy Mingas- Marcolino Moco



O facto de, especialmente, da parte da elite “emepeliana”, viver e morrer-se fora de Angola, particularmente em Portugal, ser frequente, está a suscitar um questionamento pertinente, nos últimos, dias. Embora limitado pelo espaço e complexidade do tema, vou dar o meu palpite, “foice em ceara nossa”, neste assunto que vem agora a ser levantado, e, em forma de crítica directa ou indirecta, à sua pessoa, muito a propósito da morte do nacionalista angolano Ruy Mingas, em Portugal. Supostamente, num lar de idosos.  O que dizer sobre esta matéria? 

Antes demais, é um problema filosófico e há tantas filosofias quantos são os universos humanos, que os há tantos. Não entender isso assim, parece-me um passo para partirmos para totalitarismos de alguma espécie. Para mim, as pessoas, como individualidades livres e irrepetíveis, devem viver, morrer e serem enterradas, em alguma altura, onde se sintam bem, se depender da sua vontade e ou de seus familiares. A volta disso, está-se a apresentar o exemplo do Dr. Jonas Savimbi, que, como individualidade e, especialmente, como grande político e pensador que é, concebeu e cumpriu uma ideia diferente para si, provavelmente, mais exemplarmente patriótica. Tudo certo. E temos visto, para dar razão – diríamos profética – ao insigne político e guerrilheiro, que há aqueles para quem a pátria convencionada não diz nada, a não ser para ser exibida como bandeira, para aproveitar as funções públicas que exercem, e levarem todas as águas para seus moinhos. E de facto, pouco contribuem, de forma geral, para a salvaguarda da dignidade humana de seus concidadãos. A minha diferença com o pensamento do Dr. Savimbi, é que para mim, também a pátria é uma instituição humana, e que, por isso mesmo, vem depois da vontade humana individualizada. Por isso faz-me alguma confusão o gosto que alguns políticos angolanos têm pelos cadáveres de certas individualidades, quantas vezes contra os consensos ou vontade da maioria de seus familiares sobrevivos.

Em seguida, porquê a Europa e, especialmente, Portugal? Tenho reflexões sobre isso, a volta dos meus estudos do Direito, nunca dissociados da sua Filosofia e de outras disciplinas colaterais como a História, a Antropologia e a Sociologia, em particular. As opções individuais e familiares são, de modo geral, condicionadas por factores que nos ultrapassam, como pessoas isoladas. 



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Atender que 1-O MPLA emergiu da matriz sociológica mais culturalmente europeizada, o que analisado como objectividade histórica, numa sociedade que fosse verdadeiramente reconciliada, não devia ser visto como factor negativo e, sobretudo, estigmatizando pessoas a título individual; 2- Não se negligencie o facto de que, mesmo depois da guerra, aqueles que aproveitaram o ensejo para concentrar todos os poderes, não promovem uma verdadeira reconciliação,  não só em relação à “eternamente odiada” UNITA, proveniente de  uma faixa sociológica relativamente menos “lusofonamente” aculturada. Vejam os recentes casos de manipulação da CIVIPOC e da entrega de viaturas a todos os deputados da AN, contra o maior partido da oposição. Mas o problema da incapacidade de reconciliação para estabilizar o sistema político, económico e social, coloca-se, desde logo, dentro do próprio MPLA. Por exemplo, a questão da responsabilidade individual e colectiva sobre o “fraccionismo de 1977”, não foi resolvida a contento, deixando-se insinuar que mais culpados são alguns e não outros, sem especificações, o que faz com que algumas famílias não se sintam bem a viver os derradeiros dias e morrer nesta Angola, que, entretanto, a sigla MPLA continua a reivindicar como sua exclusividade. O mesmo acontece com muitos dos que foram, selectivamente, apelidados de marimbondos, no consulado do actual Presidente da República. 

Com questionamentos a este texto, vossas correcções e objecções (ou sem eles) voltarei ao assunto e tirarei as minhas conclusões num outro dia, para não vos cansar mais, por hoje.


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