Celebra-se hoje, em Angola, o Dia dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria. Mas, à DW, o antigo combatente e ex-deputado Makuta Nkondo, diz não haver motivos para festejar. "Estamos a sobreviver", garante.
Angola assinala, esta segunda-feira (15.01), o Dia dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, uma homenagem aos angolanos que, durante a luta contra o regime colonial português, deram o seu melhor pela liberdade, culminando na Independência Nacional a 11 de novembro de 1975.
Contudo, esta celebração é este ano marcada pela insatisfação deste grupo social, que lamenta as suas baixas pensões - cerca de 23 mil Kwanzas, o equivalente a 25 euros.
Em entrevista à DW, o antigo combatente e ex-deputado angolano, Makuta Nkondo, sublinha ainda que, para além das questões monetárias, há outro problema por resolver: nem todos os que contribuíram para a independência e reconciliação nacional estão a ser devidamente valorizados.
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Makuta Nkondo, antigo combatente e ex-deputado angolanoMakuta Nkondo, antigo combatente e ex-deputado angolano.
DW África: Como tem sido a vida dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria em Angola?
Makuta Nkondo (MN): A vida dos antigos combatentes em Angola é dura. Os que têm sorte de ser considerado antigo combatente recebem 23 mil kwanzas por mês [equivalente a 25 euros]. Eu sou um antigo combatente pela UPA e a minha pensão de reforma é de 23 mil kwanzas, pagos irregularmente - não tem data fixa, cai quando eles querem.
DW África: Tendo em conta as atuais condições de vida em Angola, para que serve este valor?
MN: A pergunta é: se um saco de arroz de 25 kg custa cerca de 26 mil kwanzas, para que serve esses 23 mil? Servem para comprar uma caneca de sal, dois, três ou quatro tomates que custam na praça 500 kwanzas, e duas cebolas, que também custam 500 kwanzas. Ou seja, não serve para nada. Estamos a sobreviver.
DW África: Falou no início "dos que têm a sorte de ser considerados combatentes". Quer dizer que há quem tenha participado na Guerra de Libertação que não é considerado combatente?
MN: Nem todo os antigos combatentes que lutaram durante a guerra fratricida do MPLA contra a FNLA contra a UNITA são considerados. Existem vários tipos de antigos combatentes: há antigos combatentes que não são combatentes, são membros do MPLA ou que já passaram pelo MPLA, e independentemente da sua idade, estão inclusos numa caixa social.
DW África: O que deveria ser feito para corrigir esses problemas e dar o devido valor a este grupo social?
MN: Agir corretamente e com honestidade. Os verdadeiros antigos combatentes, os reais, deviam ser considerados e remunerados. Os três movimentos deviam corrigir as coisas e haver honestidade nesta correção. Outra solução radical é a mudança de regime.
DW
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