Bancos angolanos ‘obrigados’ a revelarem onde e como conseguem os dólares que colocam à venda na Bloomberg FXGo



Mercado internacional está a exigir que os utilizadores da ferramenta Bloomberg FXGO para transacção de moedas integrem a uma nova plataforma mais exigente. Novo modelo vem da Singapura e chama-se Bloomberg Tradebook Singapore (BTBS). Ou seja, daqui para frente, bancos que já operam na Bloomberg FXGO terão de fazer prova da origem dos fundos a negociar, revelar quem são os seus clientes e como estes fazem negócio. O objectivo é reforçar o compliance.


Os 23 bancos comerciais que operam em Angola passam a estar obrigado, desde a semana passada, a integrar a Bloomberg Tradebook Singapore (BTBS), uma nova plataforma de compra e venda de moeda associada à Bloomberg FXGO que vem reforçar o controlo das operações, origens dos fundos transacionados e quem são os destinatários dos fundos vendidos, de acordo com uma carta circular emitida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e distribuída a todos os players do mercado doméstico. 

A justificar o reforço das regras está a necessidade de se controlar melhor as operações, nomeadamente como os bancos conseguem os seus recursos em divisas, quem são os seus clientes e para que fim são despachadas as moedas. 


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Ao Kieto Economia, uma fonte da administração do BNA explica que, com esta obrigação, os bancos verão as operações mais vigiadas. Se no passado qualquer um pudesse vender moeda aos bancos comerciais e estes repassavam-nas para o mercado, através da Bloomberg, estes dias chegaram ao fim. 

Ou seja, daqui para frente, os donos da plataforma, e por obrigação das convenções internacionais, querem tudo explicado ao detalhe: quem vendeu, quem comprou e sob que taxas essas moedas foram despachadas. 

De acordo com a carta circular, este novo mecanismo surge pela necessidade de se assegurar os requisitos de compliance dos participantes da Plataforma Bloomberg FXGO a nível global, pelo que se encontram previstas alterações à plataforma de negociação dos mercados Monetário e Cambial.

“O Bloomberg Tradebook Singapore Pte Ltd ("Tradebook Singapore") foi desenvolvido com base na tecnologia de ponta das várias plataformas de negociação da Bloomberg, sendo já utilizada por mais de 1.000 Instituições a nível mundial, tornando assim o BTBS numa plataforma de negociação global que disponibiliza aos participantes elegíveis, o acesso à funcionalidade de cotação e negociação para várias classes de activos, incluindo títulos e acções, bem como taxas, derivados de crédito, divisas e mercadorias”, lê-se na carta circular a que tivemos acesso.

Assim, os operadores bancários angolanos que negociam na plataforma Bloomberg FXGO têm até 31 de Dezembro deste ano para fechar a integração à BTBS. 

O BNA esclarece que os bancos que, até esse período não fecharem a integração, ficam impedidos de negociar divisas no mercado através da Bloomberg FXGO. Ou seja, não vão poder comprar, nem vender divisas no mercado, o que significará redução das operações já que boa parte dos bancos em Angola sobrevivem desse negócio. 
 
O banco central angolano também explica que a integração à plataforma BTBS não acarreta qualquer custo, salvo aos participantes de mercado que não possuem um Código LEI (Legal Entity Identifier - LEI Code), que consiste num código alfanumérico único e permanente, composto por 20 caracteres e que permite identificar, de forma inequívoca a nível internacional, qualquer participante dos mercados financeiros, contribuindo deste modo para a transparência e aumento da confiança nas contrapartes das operações financeiras, bem como na mitigação dos riscos de abuso de mercado, fraude financeira, branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo.
 


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