No dia em que lhe deu posse como secretário de Estado para os sectores da Aviação Civil, Marítimo e Portuário, 14 de Novembro, o Presidente da República atribuiu a Rui Carreira a “responsabilidade de fazer uma TAAG melhor, porque ela já é uma grande companhia, simplesmente precisa de uma atenção particular da parte do nosso Executivo”.
Embora tenha ressalvado que a refundação da TAAG deve ser feita “juntamente com o ministro, obviamente”, João Lourenço ofereceu “total apoio” ao novo membro do Executivo“para o cumprimento da missão.”
A novo secretário de Estado para os sectores da Aviação Civil, Marítimo e Portuário o Presidente da República prometeu todo o apoio para que “a TAAG seja mais competitiva para melhor servir os seus passageiros e o país”.
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“Nós estamos a encomendar novas aeronaves, a Boeing, mas precisamos de não descurar a necessidade de recuperar a actual frota. Nós já temos uma frota que não é nada pequena, é grande, com alguns meios de baixa que precisam ser postos de alta, independentemente de esperarmos, nos próximos anos, receber mais meios já encomendados e anunciados”.
E recordou: “Nós somos um país africano. Portanto, penso que temos a obrigação de, com a nossa companhia, servir melhor o nosso próprio continente, abrindo mais rotas em África. Temos de ter a ambição de abrir mais rotas no continente asiático. Não nos podemos contentar em voar apenas para a China, da mesma forma que, em relação ao continente americano, não nos podemos contentar em voar apenas para o Brasil”.
E ainda: “Nós estamos a melhorar, todos os dias, os laços de amizade e cooperação com os Estados Unidos da América, que nos têm aberto as portas e, portanto, essa oportunidade deve ser bem aproveitada”.
Por fim, o Presidente da República aludiu à “sólida experiência” de Rui Carreira no sector da aviação como garantia para o bom desempenho das suas noivas tarefas.
Comovido com as palavras do Presidente da República, Rui Carreira retrucou:
“(…) a aviação civi é uma área específica. (…) Irei dialogar bastante com os técnicos de forma a elevar estes subsectores, para que nós, todos os angolanos, nos possamos orgulhar deles e que eles possam também bem servir a nação”.
Quem tem capacidade de ler nas entrelinhas, exercício que não está ao alcance de todos, viu nas palavras do Presidente da República uma clara redução das competências do ministro dos Transpores nos sectores acabados de atribuir a Rui Carreira.
Se não tivesse um sólido e poderoso aliado no principal centro de decisão do País, àquelas palavras do Presidente da República seguir-se-ia, imediatamente, a demissão de Ricardo de Abreu.
E à demissão talvez se seguisse um procedimento criminal, motivado pela ruinosa gestão da TAAG.
Com poderoso padrinho na cozinha, a Ricardo de Abreu coube, apenas e por ora, uma admoestação verbal.
Com carta branca para fazer aproveitamento racional dos elevados investimentos “feitos na TAAG a nível dos recursos humanos, e na aquisição e manutenção de aeronaves”, terça-feira, 05, a TAAG anunciou novos corpos gerentes para 2024.
Por deliberação da Assembleia Geral de Accionistas foi anunciado que a “TAAG ENTRA EM 2024 COM UMA NOVA LIDERANÇA”.
Foi decidido nomear António Dos Santos Domingos para o cargo de presidente do Conselho de Administração (PCA/Chairman) e Nelson Pedro Rodrigues de Oliveira para o cargo de presidente da Comissão Executiva (PCE/CEO).
Transitaram para a nova liderança os administradores não executivos Misayely Celestino Isaac Abias e Iuri Miguel Guerra Neto, João Miguel da Gama Lobo Semedo, Sais Daalaoui, Maria Manuela Resende da Costa Pardal, Nowel R. Nagala; Custódia Gabriela Pereira Bastos e Susana Ramos mantêm a qualidade de administradores executivos.
Embora a mudança na liderança da TAAG tenha as impressões digitais do novo secretário de Estado, fontes da empresa garantiram ao Correio Angolense que Ricardo de Abreu defendeu e conseguiu a permanência dos seus peões no Conselho de Administração. São eles o nigeriano Nowel R. Nagala, administrador para a Área Comercial, e a portuguesa Gabriela Bastos (na foto principal), administradora para a Área Financeira, descrita como os “olhos e ouvidos” de Ricardo de Abreu no Conselho de Administração da TAAG e seu braço para as operações feridas de transparência.
“Todas as negociatas passam por ela. E ela faz tudo à luz do dia, evocando reiteradamente o nome do ministro, de quem diz ser amiga e protegida”, contou a mesma fonte.
Dir-se-ia, pois, que a limpeza de balneário promovida por Rui Carreira deixou intactas bitacaias ou bitacanhas (mauindos em kimbundu) plantadas e alimentadas por Ricardo de Abreu.
Para as gerações de hoje, que não lhes experimentaram as “delícias”, bitacaias ou bitacanhas eram pequenos insectos, semelhantes à pulgas, que se alojavam debaixo das unhas dos pés e das mãos de humanos.
Depois de se embutir de sangue do hospedeiro, a bitacaia transformava-se num verdadeiro inferno.
A sua extracção implicava dor lancinante.
Em tempo frio, geralmente no Cacimbo, o choque de um dedo infectado com uma superfície dura punha o maior dos valentões a chorar impiedosamente.
São “coisas” como bitacaias que sobreviveram à limpeza de balneário na TAAG.
Correio Angolense
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