O Serviço de Investigação Criminal (SIC) está a ser acusado de ter entrado no “jogo” do comandante da Polícia Nacional do Talatona, subcomissário Joaquim do Rosário, na contínua estratégia de usurpação de terrenos de camponeses na zona de 11 de Novembro, no Distrito Urbano da Cidade Universitária, município do Talatona, em Luanda.
Na semana passada, o programa “Ecos e Factos”, da Televisão Pública de Angola (TPA), apresentou um jovem supostamente encontrado na sua posse com uma arma de fogo do tipo pistola, num terreno em litígio no Camama, reclamado pelo antigo governador de Luanda, Joaquim Sebastião Bento Bento, que apesar de ter admitido na altura que não tinha nenhum terreno naquela circunscrição.
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A data dos factos, o então primeiro secretário do MPLA em Luanda, Bento Bento, moveu um processo crime contra o jornalista Escrivão José e o Jornal Hora H, por calúnia e difamação, mas hoje, segundo Daniel Neto, o ex-governante aparece com um aparato policial alegando ser o dono do mesmo terreno há tempos negado.
Para proteger o interesse de Bento Bento, agentes da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) e do Serviço de Investigação Criminal (SIC), teriam instrumentalizado no terreno o referido jovem, para diante das câmaras da Televisão Pública de Angola (TPA), admitir que trabalha com a dona Joana, a chefe das operações da Sociedade Konda Marta, cujo director da empresa é o Tenente Coronel das Forças Armadas Angolanas, Daniel Neto.
A estratégia, segundo fontes do Club-K, visa atingir o oficial das Forças Armadas Angolanas, que já esteve detido por três ocasiões. “O plano deles é atingir a mim para que, ao ser colocado preso, vão continuar a usurpar os terrenos”, disse.
Daniel Neto é tido como o principal entrave para a contínua expropriação de terrenos por parte de supostas altas patentes da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA), tendo como “rostos” Joaquim Dadinho do Rosário (actual comandante do Talatona) e Rui Ferreira (comandante da Região Militar de Luanda) e o então administrador municipal, Rui Duarte.
Em declarações à imprensa nesta terça-feira, 31, o porta-voz dos camponeses, Daniel Afonso Neto, esclareceu que o jovem que foi exibido na TPA, cujo sobrenome é “dos Santos”, esteve a andar com a própria senhora Domingas dos Santos, que foi dado uma pistola com a finalidade de “atingir a mim”.
Segundo Daniel Neto, trata-se de uma “máfia” que conta com o envolvimento de agentes do SIC, alegadamente a mando do subcomissário Joaquim do Rosário, comandante do Talatona.
Lamentou a falta do contraditório da Televisão estatal, que considera um órgão “partidarizado” ao serviço do poder dominante.
A cidadã Joana Majita, acusada de trabalhar com o jovem supostamente encontrado com uma pistola, disse em conferência de imprensa não conhecer o jovem detido recentemente pelos agentes do SIC.
“É uma armadilha que alguns comandantes arranjaram para deterem injustamente as camponesas desta empresa. Este moço veio com a dona Domingas, quando vieram buscar os portões com os homens do SIC, no mês passado. É uma máfia”, esclareceu.
Manifestou-se triste e indignada com a situação, tendo sublinhado que “se trata de uma máfia protagonizada por altas patentes do SIC e da DIIP”, que segundo a mesma, “usam o cargo que ostentam para defender alguns políticos interessados nos terrenos das trabalhadoras da Konda Marta, como revelam os documentos de propriedade em seus nomes”.
Agentes do DIIP disparam contra camponesas controladas pela empresa Konda Marta
Na manhã desta terça-feira, 31 de outubro, patrulhas da Polícia com agentes da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP), órgão adstrito ao Serviço de Investigação Criminal, tendo protagonizado actos de violência contra os camponeses.
Conforme as imagens e vídeos em posse do Club-K, os agentes do DIIP que se fizeram presentes no local sem nenhum mandado judicial, efectuaram vários disparos e espancaram alguns dos camponeses.
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