1. Gostava de começar a minha intervenção lançando algumas perguntas retóricas, que desde já, convido cada um reflectir em torno das mesmas: a) Que tipo de cidadãos nos temos em Angola? ; b) A nossa cidadania já atingiu o estágio consciente e participativa? c) Qual tem sido a contribuição dos estudantes angolanos na consolidação da cidadania?
2. Antes de desenrolar a nossa abordagem é importante olhar para duas palavras-chaves que vão nortear o nosso debate, nomeadamente: Militância e Cidadania.
3. Militância: Prática da pessoa que defende uma causa, busca a transformação da sociedade através da acção (militância política, social, estudantil).
4. Ou seja, Militante é aquele que está em exercício activo.
5. Cidadania: Condição de pessoa que, como membro de um Estado, se acha no gozo de direitos que lhe permitem participar da vida política.
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6. Por Cidadania, entende-se, também, ao conjunto de direitos e deveres do cidadão.
7. Analisando os dois conceitos, apresentamos a seguinte questão: Angola é um país de militantes ou de indivíduos interessados pela cidadania?
8. A realidade demonstra que, no contexto partidário angolano é mais fácil adquirir um cartão de militante do que o bilhete de identidade.
9. Apesar de toda máquina de propaganda, os factos não mentem: para muitos angolanos obter o B.I. é um luxo.
10. Prova disso é que, em Angola ser militante é mais importante que ser cidadão.
11. Resumindo, maior parte dos cidadãos estão mais focados para a promoção da militância partidária em detrimento da elevação da cidadania, que consiste na participação da vida política.
12. Quando fazemos uma panorâmica ao envolvimento de jovens na política, regista-se uma visão voltada em pensar mais na sua filiação partidária do que para a promoção da cidadania.
13. Para muitos, a melhoria da qualidade de vida não é o seu verdadeiro foco, mas sim, acaba sendo um pretexto para justificar as suas acções e posicionamentos políticos.
14. Na verdade, o lema é "engajar-se de corpo e alma no seu partido para usufruir de benesses quando for nomeado futuramente. Ou seja, a obsessão pelo poder e obtenção de previlégios cega a militância.
15. Quer dizer que a cidadania tem sido sempre colocada em segundo plano em detrimento da militância política.
16. Como se diz na gíria, a militância abre portas para o sucesso e é a chave-mestra para subir na vida pelo "elevador".
17. Analisando o comportamento de determinados militantes, quer seja na Oposição como do partido no Poder, maior parte deles estão preocupados, apenas, com o seu umbigo... Esqueceram-se completamente do povo. Ou melhor, Eles só se lembram do povo durante a campanha eleitoral, mas depois da divulgação dos resultados eleitorais, tudo fazem para serem deputados ou atingirem um cargo no Executivo.
18. Quando falamos de cidadania, estamos a falar por outras palavras de democracia fora dos partidos políticos, ou seja, uma visão que desalinhada a causa dos partidos políticos.
19. Apesar de várias tentativas de silenciar e aniquilar as acções de cidadania, cresce, cada vez mais, o espírito crítico e dos cidadãos diante de injustiças sociais, gestão danosa da coisa pública, etc.
20. Basta olhar para a postura que têm adoptado, nos últimos anos, pela sociedade civil e outras ONG's.
21. Fruto do trabalho que tem sido desenvolvido por essas organizações, aos poucos, os cidadãos vão ganhando consciência que a democracia é o poder popular, e que devem reivindicar os seus direitos planeados na Constituição da República de Angola.
22. Como resultado, assistimos com alegria ver as nossas guerreiras zungueira; os heróis das estradas, vulgo "kupapatas" e taxistas a se libertarem da cultura do medo criado pelo regime que governa o país há 48 anos... São indicadores de que a população vai se libertando cada vez mais e exigindo os seus direitos.
23. Claramente que, o quadro actual do binómio Militância versus Cidadania resulta da história do nosso país após o alcance da independência, em que tivemos, fundamentalmente, durante décadas uma bipolarização política, em que a militância ganhou raízes e suplantou a cidadania.
24. A partir desse momento, pensar cidadania era motivo suficiente para ser visto com discriminação pela sociedade, incluindo a própria família e amigos. Prova disso, rotularam-nos de Revús, Parasitas, Frustrados, Fracassados, Oposição, entre outros adjectivos depreciativos.
25. Do nosso ponto de vista, um dos factores que contribuiu para que a sociedade despertasse para a cidadania consciente é a crise de liderança política.
26. A crise de liderança foi causada pela incapacidade que o partido no Poder tem vindo a demonstrar nos últimos anos.
27. Aliás, muitos militantes do partido que sustentam o governo também mostram-se agastados com a realidade política e sócio-económica que o país está mergulhado.
28. Caros estudantes e convidados, É NECESSÁRIO, NUNCA PERDER DE VISTA, DE QUE ANGOLA É MAIS IMPORTANTE DO QUE QUALQUER PARTIDO POLÍTICO.
29. É hora de deixar de pensar que a militância partidária é superior à cidadania.
30. Temos de deixar de colocar a carroça a frente dos bois: É importante pôr fim a ideia de que o partido é superior à Nação.
31. Temos de "Pensar Angola"... Significa dizer que devemos enterrar, de vez, a intolerância, o culto de personalidade, a exclusão social (por ser do mesmo partido), e o assassinato de carácter por pensar e agir diferente.
32. Temos, sim, de valorizar o mérito; o diálogo franco e aberto, respeitando sempre a diferença de opinião; e a inclusão.
33. Por causa de se promover mais as bandeiras do que a Nação, o nosso país está a beira do abismo: o nepotismo é corrupção fazem morada nas instituições.
34. A roda dentada já está inventada... Basta olhar para outras latitudes para perceber que a cidadania consciente, participativa e inclusiva desencoraja a corrupção e o nepotismo e promove um verdadeiro desenvolvimento sustentável.
35. Chega de cultura de militância exacerbada e vamos dar vida, de forma incensante a cidadania activa e consciente rumo ao desenvolvimento.
36. A mensagem que deixo aos estudantes angolanos, é que devem resistir e não se deixar levar pela má qualidade de ensino que o regime oferece... Devem ser mais ousados e buscar sempre à excelência académica, pautar sempre por uma "educação libertadora", que vos permite encarar os fenómenos sociais para além do óbvio... É quando assim não acontecer exerçam a vossa cidadania consciente e activa, reivindicando por melhorias, quer seja no ensino público ou privado.
37. Obviamente que, não estamos a ser promotores de arruaças, muito menos à desordem social, mas sim a promoção de uma cultura de paz e justiça social, na base do civismo e respeito pelas instituições do Estado.
38. Exercer cidadania não se resume em cantar o hino nacional e respeitar os símbolos nacionais, como tem sido ensinado nas escolas do ensino geral.
39. Caros compatriotas, exercer cidadania é ter coragem de denunciar a corrupção, políticas públicas desastrosas, a má gestão do erário, a destruição do património do Estado, as assimetrias regionais, a pobreza, a fome, cidadania é reivindicar pela subida galopante dos preços da cesta básica e/ou das propinas nas escolas privadas, etc (parece que agora toquei na ferida/RISOS).
40. Exercer cidadania é lembrar a quem de direito que a implementação das autarquias não é sinónimo de favor, mas sim, significa o cumprimento de um imperativo Constitucional.
41. Temos de pôr fim a exaltação "patológica" de políticas públicas ou ideologias do partido erradas, porque dessa forma jamais iremos construir um país bom para a se viver e próspero para as próximas gerações.
42. RESUMINDO:
• Em Angola ainda prevalece mais a militância em detrimento a Cidadania.
• A crise de liderança política é um dos factores que contribuiu para que a sociedade despertasse para a cidadania consciente e activa.
• É NECESSÁRIO, NUNCA PERDER DE VISTA, DE QUE ANGOLA É MAIS IMPORTANTE DO QUE QUALQUER PARTIDO POLÍTICO.
• Por causa de se promover mais as bandeiras do que a Nação, o nosso país está a beira do abismo.
• A cidadania consciente, participativa e inclusiva desencoraja a corrupção e o nepotismo e promove um verdadeiro desenvolvimento sustentável.
• Exercer cidadania é ter coragem de denunciar a corrupção, políticas públicas desastrosas, a má gestão do erário, a destruição do património do Estado, as assimetrias regionais, a pobreza, a fome, etc.
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