A União Africana (UA) felicitou nesta segunda-feira o ex-PR da Libéria por ter aceitado, olimpicamente, a derrota eleitoral, tendo considerado o gesto de George Weah de elevado " sentido de Estado".
Não é comum em África, os candidatos derrotados aceitarem os resultados eleitorais, sobretudo quando os processos eleitorais não são transparentes e as arbitragens imparciais.
Normalmente, quem está no poder manipula os resultados a seu favor, daí as várias contestações da Oposição.
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A organização continental africana pode ter perdido uma boa ocasião para ficar calada, visto que a mesma tem observado um silêncio comprometedor , sem coragem para condenar os actos eleitorais fraudulentos ou alterações às Constituições para a manutenção das ditaduras no poder.
O comprometimento da UA com as ditaduras tem sido evidente nos casos em que ela envia observadores às eleições em distintos países e, no final, eles consideram as disputas como tendo sido " livres e justas", mesmo sabendo, à partida, que as vitórias não foram justas e transparentes.
Há mais de um mês que os moçambicanos aguardam pelos resultados das eleições autárquicas na sequência de um processo em que os partidos da Oposição, organizações da sociedade civil e activistas acusaram a FRELIMO de ter manipulado o veredito das urnas. Da UA, nem um único pronunciamento, quanto mais fosse para dizer que tem acompanhado com preocupação o que se está a passar naquelas paragens do Índico, ou exigir a recontagem dos votos.
No Senegal, um candidato da oposição tem sido impedido de candidatar-se às próximas eleições presidenciais por supostos artifícios do actual PR.
Antes, Mark Sallas ensaiou um terceiro mandato, uma tentativa mal sucedida que causou vários mortes e feridos. Da UA, nem uma palavra que fosse. Silêncio e mutismo cúmplice!
A UA, que não perde a mínima ocasião de condenar os golpes de Estado militares, tem ficado silenciosa diante dos golpes constitucionais engendrados pelos ditadores ávidos em manter-se no poder.
Por esta e outras razões é que a UA não é tomada a sério e as suas decisões têm sido quase sempre envoltas em polémicas como, por exemplo, a de atribuição a JLo do título de " campeão africano da paz e da reconciliação nacional".
Faz sentido atribuir um prémio do género a um político que não promove as pontes do diálogo no seu próprio país com o seu principal opositor, que promove acções para silenciar todas as vozes discordantes, mormente das ONG's incómodas?
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