A ministra das Finanças de Angola disse à Lusa que a linha de crédito do Deutsche Bank só foi usada em cinco projetos devido aos requisitos inacessíveis para empresas angolanas ou a operar no país.
"Podia ter corrido melhor", admitiu a governante em entrevista à Lusa em Marraquexe, Marrocos, à margem dos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que decorrem esta semana.
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"O financiamento do Deutsche Bank era uma linha de apoio ao setor privado operacionalizada pelo Banco de Desenvolvimento de Angola, e o nível de aprovações é relativamente baixo, confessamos, se forem cinco projetos aprovados é muito", revelou Vera Daves de Sousa, quando questionada sobre o nível de financiamento dado pelo banco alemão, precisando que o valor utilizado ficou abaixo dos 330 milhões de dólares (311,1 milhões de euros).
Este baixo nível de utilização da linha de crédito deve-se "muito por causa dos pressupostos que as empresas devem cumprir para terem acesso ao financiamento, é preciso usar equipamento alemão, enfim, há uma série de coisas, e são poucas as empresas angolanas ou que funcionam em Angola que conseguem atingir os requisitos do Deutsche Bank", disse a governante, salientando que apesar de ainda continuar em funcionamento, a linha financiou menos de um terço do montante total de mil milhões de dólares.
A abertura de uma linha de crédito, como esta que começou em maio de 2019, é um exemplo possível que Angola pode seguir para evitar mais financiamento, que implica um aumento da dívida, algo que o Governo quer evitar a todo o custo.
Questionada sobre se a emissão de dívida verde, ou seja, para projetos ligados ao ambiente, pode ser uma solução, Vera Daves de Sousa admitiu que o conceito é interessante, mas ressalvou: "Mas é mais dívida, o desafio de Angola agora é a dívida, o que temos de explorar são outras avenidas que não envolvam dívida, que envolvam capital, ou investimento privado, mas que não impliquem Angola ter de pagar juros e capital daqui a algum tempo".
O objetivo é fugir ao aumento do valor da dívida, que condiciona a despesa pública noutros setores necessitados, como a Educação ou a Saúde, e daí a necessidade de recorrer a outros meios, como garantias de entidades internacionais que tirem risco ao investimento externo, convencendo os investidores a apostar no país africano lusófono.
"Temos de ir fazendo a redução do risco do país para entrar capital que depois não deteriore as contas públicas de Angola, são essas coisas inovadoras que queremos explorar para mitigar a tensão que vamos ter nos próximos cinco a seis anos, em que o serviço da dívida vai representar um desafio", disse Vera Daves de Sousa.
Até final da década, Angola vai viver uma tensão permanente entre a necessidade de investir em infraestruturas e a vontade de controlar o endividamento: "Até 2029 vamos ter tempos de desafio e por isso vamos ter de ser criativos para endereçar o tema das infraestruturas, porque também não podemos parar tudo porque Angola é um país enorme com muitas necessidades, ao mesmo tempo que temos de ser conservadores para não agravar a nossa situação", resumiu a ministra das Finanças na entrevista à Lusa.
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