O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola recomendou hoje a manutenção de um câmbio flexível e "nunca de medidas administrativas" para manter sob controlo a taxa cambial.
Victor Duarte Lledo falava hoje durante uma conferência de imprensa que antecede a apresentação, quarta-feira, do relatório "Perspetivas Económicas Regionais da África Subsaariana (PER-AS): Uma Luz no Horizonte", em parceria com o Banco Nacional de Angola (BNA).
A taxa de câmbio no mercado informal tem registado um aumento, nos últimos dois meses, enquanto no oficial está estática, com uma diferença de 34%, segundo o jornal Expansão.
Para Victor Duarte Lledo, a manutenção de um câmbio flexível é extremamente importante numa economia como Angola, servindo como amortecedor de choques externos.
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Segundo o representante do FMI para Angola, há dois meses nessa função, a recomendação da instituição financeira internacional "nunca foi a de se utilizar medidas administrativas ou medidas indutivas, para se manter essa taxa sob controlo, mas sim se recalibrar a nível das políticas macro, tanto do ponto de vista monetário como fiscal, de forma a melhor combater essas pressões inflacionárias".
O responsável frisou que as pressões cambiais vêm de uma economia com alta dependência do petróleo, afetada pela redução da produção e consequentemente das exportações petrolíferas, levando a uma diminuição da oferta de divisas pelas companhias petrolíferas.
Outro fator de grande pressão cambial em Angola, indicou Victor Duarte Lledo, tem a ver com o reinício do pagamento da dívida externa, que obrigou o tesouro nacional, um outro grande fornecedor de divisas para o mercado, a priorizar o serviço da dívida.
De acordo com Victor Duarte Lledo, no caso de Angola, as recomendações do FMI têm tido bons resultados, sendo uma grande demonstração "o facto de que as reservas internacionais se mantêm em níveis confortáveis".
"Obviamente um outro constrangimento onde há um nível de dependência de importação a nível de bens de consumo muito elevado, como [acontece em] Angola, é o impacto que uma depreciação cambial tem através do repasse aos preços domésticos", salientou.
Victor Duarte Lledo afirmou que o FMI vai reformular e avaliar melhor a sua posição, nas próximas avaliações do artigo quatro, que deverá começar nas próximas duas semanas de novembro.
"[Elas] vão no sentido de fazer essa reavaliação mais holística do ponto de vista de diversas políticas, mas vão continuar no sentido de articular um câmbio flexível como fundamental nesse processo de estabilização macroeconómica para Angola", vincou.
A comunicação entre o banco central angolano e o Ministério das Finanças com relação à disponibilidade e oferta de divisas no mercado é muito importante, considerou, ainda, o responsável do FMI para Angola.
"É importante que eles gerem expectativas com relação a isso, para que o preço seja formado de uma forma sem sobressaltos e para não dar margem a especulações", salientou Victor Duarte Lledo, acrescentando que essa é uma área que nas próximas discussões a instituição vai "engajar com o banco central", a ver como se pode melhorar essa comunicação com os mercados.
A próxima avaliação, segundo o responsável, vai também olhar para a questão da sub ou sobre valorização da taxa de câmbio, defendendo que as políticas sejam calibradas para se evitarem esses dois cenários.
Lusa
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