Quase um mês depois, continua a fazer “zumbido” nos ouvidos de alguns angolanos a intervenção do governador da Huíla por ocasião da recente deslocação do Presidente da República àquela província.
Nuno Mahapi Dala não inventou a pólvora, mas a sua intervenção causou mossa pelo desassombro com que relatou ao Presidente da República as principais inquietações das populações e governantes huilanos.
No Lubango, ao Presidente da República e Titular do Poder Executivo chegaram palavras a que os seus tímpanos não estão acostumados. João Lourenço ouviu do jovem governador critica directa pela exclusão da Huíla do Planagrão, um programa através do qual o Execuivo tenciona relançar a produção de grãos no país.
A Huíla é, desde o tempo colonial, a principal produtora de milho.
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Já em Malange, onde acaba de concluir uma visita de dois dias, João Lourenço apenas ouviu hosanas. O PR e TPE saiu das terras de Pungo a Ndongo sem ouvir um único reparo ao descaso do Governo em relação àquela província. O governador Marcos Alexandre Nhunga levou o ilustre visitante à BIOCOM e encheu-lhe os ouvidos de mentiras sobre os níveis de produção desse complexo industrial.
A Biocom entrou em declínio desde que o Governo transferiu a sua tutela para o Estado e este retalhou a titularidade da fábrica entre dirigentes do MPLA.
Além das hosanas e inverdades que ouviu, a deslocação de João Lourenço ficou marcada pela jornada noturna dos Bombeiros, chamados a lavar a única artéria que atravessa a cidade com o propósito de ocultar do visitante a face habitualmente suja e fedorenta de Malange.
Não se sabe se João Lourenço acreditou na operação teatral.
Alguns angolanos estão incrédulos com o facto de o Presidente da República não ter (ainda) exonerado o governador da Huíla por este o haver confrontado com estrondosos fracassos do seu Executivo.
A experiência mostra que o Presidente João Lourenço não retalia quando é surpreendido em “flagrante delito”.
Em Dezembro de 2021, uma carta da ministra das Finanças provou que o Presidente da República é um contumaz violador da Lei da Contratação Pública.
Tornada pública por desconhecida mão da própria Presidência da República, a carta da ministra Vera Daves deixou a imagem do PR em muitos maus lençóis.
Geralmente implacável para com os seus críticos, João Lourenço surpreendeu a opinião pública ao poupar a ministra das Finanças de qualquer retaliação.
Vera Daves, primeiro, e Nuno Mahapi Dala, depois, mostraram que o Presidente João Lourenço “murcha” completamente quando é confrontado com práticas menos recomendáveis ou com fracassos do Executivo que, nos termos da Constituição da República de Angla, é unipessoal. Ou seja, aquele que em criança era também tratado como Mimoso, é o único responsável pelos sucessos e insucessos do Executivo.
O Presidente da República também não costuma “rosnar” quando é desarmado por factos ou evidências de cobertura e protecção a potenciais criminosos (como no caso do presidente do Tribunal Supremo) ou com a má prestação de serviços públicos como a Saúde e a Educação.
E quando é confrontado com os pífios números do investimento estrangeiro em Angola, o nosso Presidente da República torna-se no intérprete fiel da música do brasileiro Benito de Paula segundo a qual “É, acaba a valentia de um homem. Quando a mulher que ele ama vai embora. É, tanta coisa muda nessa hora. Que o mais valente dos homens chora”
Se, à semelhança do seu homólogo da Huíla, o governador Marcos Nhunga tivesse apresentado ao PR uma radiografia realista de Malange, não teria o lugar ameaçado no dia seguinte.
O governador de Malange não falou o que sabe e vê porque faltou-lhe...testosterona.
Graça Campos
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