Esta é uma longa história de falências técnicas, de atropelos à contabilidade organizada, de relatórios chumbados por auditores externos e de inúmeras reservas às contas. Nenhuma delas consegue gerar receitas para pagar as suas operações e por isso sobrevivem à conta do dinheiro dos contribuintes.
A comunicação social do Estado custou aos contribuintes 172,5 mil milhões Kz, equivalente a quase 320 milhões USD em quatro anos, entre capitalizações e subsídios operacionais, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios e contas destas empresas. A Televisão Pública de Angola (TPA) é dentro deste lote de empresas a que mais recebe dinheiros públicos e é também aquela que piores resultados tem ano após ano.
Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762
Historicamente têm sido cinco as empresas a fazer parte do grupo de empresas de comunicação social do Estado, nomeadamente a TPA, a Rádio Nacional de Angola (RNA), as Edições Novembro (dona do Jornal de Angola), a agência de notícias Angop e a Gráfica Popular. A estas cinco juntam-se agora a TV Zimbo e a Media Nova (Jornal o País) que passaram para a esfera do Estado no âmbito do processo de recuperação de activos constituídos com dinheiros públicos.
Estas empresas que empregavam pelo menos 5.417 trabalhadores (Zimbo e Media Nova omitem número trabalhadores e a Gráfica Popular não publica relatórios e contas há dois anos) apenas sobrevivem à conta da injecção de muito dinheiro público anualmente por via das transferências operacionais. Ou seja, as suas operações são custeadas pelos accionista Estado, até porque conforme é possível verificar nos relatórios e contas, todas elas são incapazes de gerar receitas suficientes para cobrir as suas operações. Para se ter uma ideia, a TPA que está em falência técnica há três anos recebeu o ano passado 13,0 mil milhões Kz em subsídios operacionais, reconhecidos nas contas em "Outros proveitos operacionais" e facturou através da prestação de serviços apenas 219 milhões Kz. Contas feitas, registou quase 13,3 mil milhões Kz em receitas operacionais, mas registou gastos de 21,4 mil milhões Kz em custos operacionais (custos com pessoal, amortizações, etc), o que perfaz um resultado operacional de quase -8,2 mil milhões Kz. Isto num ano em que registou o maior prejuízo das empresas da comunicação social do Estado, já que fechou as contas de 2022 com um resultado líquido negativo de 13,7 mil milhões Kz, mesmo depois de ter recebido os 13,0 mil milhões Kz em subsídios operacionais e 2,3 mil milhões em capitalização do Estado.
Já a RNA, recebeu 1,0 mil milhões Kz por prestação de serviços e 9,3 mil milhões Kz de "outros proveitos operacionais", ou seja, transferências do Estado, o que dá um total de quase 10,4 mil milhões. Mas como teve 10,8 mil milhões em custos operacionais significa que teve um resultado operacional negativo de quase 424 milhões Kz. No caso das Edições Novembro acontece o contrário, já que registou um resultado operacional positivo de mais de 1,1 mil milhões Kz. Ainda assim, a empresa proprietária do Jornal de Angola registou 70 milhões Kz em vendas, 1,1 mil milhões em prestação de serviços e 8,2 mil milhões Kz em outros proveitos operacionais, valor que cresceu 54% face a 2021. Também a Angop apresentou resultados operacionais positivos, de 786 milhões Kz. Isto porque apesar de ter facturado 63 mil Kz em vendas e 73 milhões em prestação de serviços só as transferências do Estado por via de subsídios operacionais (4,4 mil milhões Kz) e subsídios a investimentos (1,3 mil milhões) permitiram equilibrar as contas. Já a Zimbo, também sobreviveu graças ao subsídio do Estado no valor de 4,2 mil milhões Kz, já que os 1,7 mil milhões em receitas com prestação de serviços é insuficiente para pagar as suas operações. Já a Media Nova, se não fosse a transferência de quase 1,3 mil milhões Kz do Estado não conseguiria custear as suas operações já que apenas facturou 7 milhões Kz em prestação de serviços, que será a venda de publicidade. Ora, estes 7 milhões seriam insuficientes só para assumir o pagamento de salários que rondou os 684 milhões o ano passado.
Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação
0 Comentários