A AJUDA QUE ESPERAMOS DE ISMAEL MATEUS- GRAÇA CAMPOS



Ismael Mateus, pessoa por quem estou unido por mais de 30 anos de amizade, despertou na manhã desta quarta-feira, 13, com uma inquietante pergunta: "como chegamos a este ponto?"

A angustiante pergunta tem a ver com a guerra abertamente instalada nas redes sociais opondo, de um lado, jornalistas bem identificados, a outros que se ocultam por detrás de nomes desconhecidos do público.

Para Ismael Mateus a “maledicência,  o insulto e a inveja se foram instalando entre nós de modo gradual e com o nosso aval”.

Filho de Deus, como todos nós, o criador da célebres  rubricas “Bué de Bocas” e Recados ao Meu Chefe, que ao seu tempo colocavam a LAC no pico da audiência, Ismael Mateus também tem direito a lapsos de memória ou mesmo ao esquecimento.

A pergunta “como chegamos a este ponto”, responde-se de maneira simples e directa. Tudo começou em 1992,  quando o então ministro da Informação, o já falecido Rui Óscar de Carvalho, usou todos os meios de comunicação públicos para associar à UNITA os fundadores do Sindicato dos Jornalistas Angolanos – Siona Casimiro, António Gouveia, Aguiar dos Santos, já falecidos, Reginaldo Silva, Silva Júnior, Graça Campos e Avelino Miguel. .  


Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762


 Embora a definição só tenha sido consagrada agora pelo Presidente Lula da Silva, é do tempo de Rui de Carvalho que vem a divisão entre jornalistas “bem comportados”, automaticamente vinculados ao MPLA, e os “mal comportados”, aqueles que ousavam pensar por si próprios e trabalhavam longe da batuta do Governo. Desde então, esses jornalistas são invariavelmente associados à oposição.

Vem dessa época o muro entre os jornalistas angolanos.

O muro ganhou vários metros de altura e largura nos anos 2.000, quando, sob disfarces de nomes como Rui Tristão, Bunga Simão, Chuva Miúda e Paulina Frazão, o Jornal de Angola, então sob a direcção de Luís Fernando, escancarou as páginas do jornal para uma criminosa cruzada contra os então emergentes jornais privados, sobretudo o Angolense, Agora, Folha 8 e seus principais colaboradores.

Qualificados por Reginaldo Silva como patrulheiros, essa turma de “escriturários” sem rosto, mentia, deturpava, caluniava inclementemente os seus alvos.

A este vosso escravo, um dos patrulheiros atribuiu, até, milionárias contas na África do Sul, país que nem sequer conhecia, e em Portugal, ambas pretensamente abertas na sucursal angolana do BCP Millenium.

Confrontado com uma acção judicial imediatamente intentada pelo ofendido, Luís Fernando deu o rosto pelo patrulheiro e negociou, quase ajoelhado, com o advogado da vítima uma solução extra-judicial, que custou aos cofres do Jornal de Angola uma indemnização de 10 mil dólares.

A indemnização não reparou os danos morais causados, mas serviu para pagar, pelo menos, a impressão de três edições do Angolense.

No dia anterior à angustiante pergunta, Ismael Mateus publicou, também no Facebook, um texto, prontamente partilhado pelo secretário para os Assuntos de Imprensa do Presidente da República, o que quase lhe confere uma dimensão oficial, em que afirma  existir um pretenso grupo de escribas movidos exclusivamente pelo ódio. “É  mesmo só ódio a quem possa eventualmente ser bem sucedido, bem visto ou ser querido”

E alude a “um monte de influencers nas redes sociais cuja especialidade é só insultar e denegrir outros. Não se ouve deles ou delas nada de bom, salvo falar mal hoje de uns e amanha de outros. Os seus seguidores, como as hienas, alimentam-se e se sentem vingados com as "merdices" sobre os outros”. Ismael Mateus  escreve, ainda,  que “muitos deles usam esses insultos como estratégia de auto promoção”. 

Farto de tanta “merdice”, Ismael Mateus propõe, com efeitos imediatos, “respostas prontas a todas as manifestações de ódio, inveja e insultos”, até porque, sustenta, “não responder, não abrir processos por difamação e calúnia  facilita-lhes a vida”.

Com o exercício de jornalismo suspenso por incompatibilidade temporária, Ismael Mateus manifesta-se pronto para o combate.

“Temos mesmo de responder. Não precisa de ser um bate boca público, mas podemos fazer uso da lei e dos instrumentos (poucos) existentes para regular as redes sociais. E sobretudo leva-los a tribunal.  Insultou, acusou sem provas,  mentiu deliberadamente não há conversa: processo crime. Sim leva tempo, mas não ficam impunes. (...)Temos de começar a reagir ou a situação só vai piorar”.

Descontado o vedetismo, a sobranceria e a ausência de humildade, expressas na frase segundo a qual o “nosso silêncio para não lhes dar público”, Ismael Mateus lança um interessante repto, que consiste em eleger os tribunais como único palco para dirimir diferenças e querelas entre jornalistas.

Mas, há um se não: em tribunal, quem daria o rosto por Edno Soares, Emanuel Kadiango, Graça Santos e outras criações do CIPRA, secretaria dos Assuntos de Imprensa do Presidente da República e outras instituições públicas que tomam a crítica, o escrutínio como manifestações de ódio e de inveja?

Ismael Mateus pode contribuir decisivamente para pôr fim à “maledicência, o insulto e a inveja” que “se foram instalando entre nós de modo gradual e com o nosso aval” começando por destapar os rostos dos cobardes que se ocultam por detrás de nomes falsos.

Antigo secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Ismael Mateus pode, sim, ajudar a esclarecer se nomes como Edno Soares, Emanuel Kadiango e outros são verdadeiros ou fictícios.


Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação 

Postar um comentário

0 Comentários